Será um fenómeno, será uma inglesice, ou será que já não entendemos a nossa língua materna e que tudo agora terá que ter nomes em inglês, mesmo os das iniciativas públicas e camarárias, para açoriano ver, porque os ingleses vão certamente conseguir lê-los.
Sinceramente não sei, o que sei, foi que tudo passou a ser nomeado ou descrito em língua estrangeira, como se a nossa não tivesse equivalentes ou pura e simplesmente ficasse feio se dito à nossa maneira.
São as festas, os eventos, os restaurantes, as residências e os hotéis, sem falar em todo o resto que o turismo trouxe na mala e ficasse para durar. É um custo a pagar, dirão os entusiastas da massificação; é chique, dirão alguns criativos passando à margem da originalidade e identidade que deveria diferenciar-nos, mas justiça se faça também há muita criatividade de excelência nos Açores e na nossa língua, até mesmo naquilo que alguns acham que é um nosso idioma.
Mesmo assim, não vamos radicalizar privando-se o direito à diferença. Se querem inglês nos anúncios, etiquetas e fachadas tudo bem; mas fazer anúncios de iniciativas camarárias para os cidadãos verem melhor tratado o lixo que produzem, como foi o anúncio do inquieto e autossuficiente Alexandre Gaudêncio candidato ao executivo camarário da Ribeira Grande, intitulando-o “Zero Waste”, parece-me demais. Eu que até sei algum inglês fiquei perplexo, afinal o que é isto de “Zero Waste”? Lendo melhor o anúncio feito na imprensa fiquei na dúvida se é compostagem ou reciclagem ou se calhar outro qualquer processo (inglês); ou outra coisa para fazer desaparecer o lixo.
Como o lixo que produzimos ainda temos que o por indiscriminado em sacos de plástico e sacas vazias do adubo nas ruas e canadas do concelho, penso que algum milagre deve estar para acontecer e se calhar será também em inglês, porque o nada se perde, tudo se transforma vai chegar ao “Zero Waste”.
Passando à parte séria do assunto, acho um desrespeito formal ao povo da Ribeira Grande, chamar ao tratamento do lixo um nome em inglês e ao seu sumiço também. É que pelo andar da carruagem e com esta tendência certamente deixaremos ter edifício da câmara para termos City Hall; Presidentes de Câmara para termos Mayors; ou, na pior das hipóteses Xerifes todos poderosos.
“Yes, we can”. Sim, podemos no próximo dia 1 de outubro, com o nosso voto alterar sempre o rumo das coisas; por isso votar, mais do que uma motivação é um dever de todos.