Em ressaca da maratona da discussão do Plano e Orçamento, parece que do que foi dito em modo de propositura e do que foi aprovado em modo de compromisso, um tom e um ruído bastou para entendermos que da oposição, não haveria outra intenção do que propor para rejeição, aumentando o propósito do ruído do descontentamento e do tom da crítica.
Por vezes valeu quase tudo, se é que quase tudo já não bastasse para sabermos que a validade da palavra dada não se demonstra pelo tom ou ruído acessório, ornamento desnecessário num debate, mas pela sua consistência e razoabilidade.
Houve por isso sessão de “umbigos”, de atos de fé e rasgadura de vestes, no desespero da chamada de atenção para o efémero deixando de fora o essencial. Propositura não será
isso, certamente.
Nenhum orçamento é bom, precisamente porque nenhum orçamento dá tudo a todos, correndo o risco até de, em determinadas circunstâncias parecer dar mais a uns do
que outros, não fosse esta parte a mais difícil de entender. É por isso que o Orçamento também é um plano estratégico da responsabilidade de quem governa.
O Grupo Parlamentar do PS, contrariando o ditado popular de que muitos cozinheiros estragam a sopa, manteve abertura para aceitar e aprovar propostas da Oposição, sabendo-se que nunca seriam suficientes para estes; porque se o fossem, o Plano e Orçamento não seria viável.
Na Saúde, aprovamos a elaboração de um estudo sobre o cancro na RAA proposto pelo PSD. Manifestamos sobre esta proposta a mesma preocupação de aplicar o conhecimento científico que daí advir ao combate que já travamos às causas conhecidas. O interesse científico e a possibilidade que possa existir em estabelecermos na nossa comunidade outras relações causais ou determinantes validaram esta proposta.
Também sobre esta matéria, acompanhamos os trabalhos do Conselho Regional de Combate ao Cancro, cuja última reunião decorreu há três dias, reconhecendo o seu empenho na implementação de formas de combate à doença e na caracterização da prevalência e incidência regional destas patologias através do registo oncológico regional que prevê
atualizado em 2018.
E, como em tudo, mesmo na crítica a este Orçamento aprovado pela maioria socialista no Parlamento, não basta parecer para ser; é preciso conhecer.