Opinião

A SATA no desenvolvimento dos Açores

Toda a história da Sata revela a sua importância para os Açores e para a própria autonomia. Sem recuar aos tempos mais antigos e até a algumas experiências que correram menos bem, a Sata revelou as suas primeiras grandes dificuldades financeiras no início da década de 90. Hoje, não é segredo a preocupação do chefe do executivo de então, ao dizer que era preciso atacar com urgência o problema da situação económico-financeira de empresas públicas como a Açoreana, a Sata e a EDA…Os primeiros passos para a libertação do monopólio da TAP nos Açores foram importantes e até suscitaram um sentimento acrescido de “autoestima açoriana” pela sua companhia. Convém ainda lembrar que com o 1º Governo Socialista de António Guterres as tarifas aéreas Açores-Continente baixaram 27% (antes de 1996 Pdl-Lx =347 €!). Numa Região que se abriu ao turismo em 1996, com a existência de novos hotéis, passou-se de pouco mais de 433mil dormidas para mais de 1 milhão e 700 mil em 2017. A Sata também aumentou exponencialmente o número de passageiros transportados: 1996- Sata Air Açores- 343 305; 2017- 698 121 passageiros; Azores Air Lines (ex-Sata Internacional) - 2001- 678 444; 2017- 985 806 passageiros transportados. Em suma, entre 2001 e 2017 o Grupo Sata aumentou em 55% o número de passageiros transportados. No presente, num mercado liberalizado a Sata continua sendo uma empresa estratégica para a Região, e quiçá reguladora, sem ela, voltaríamos a “estar na mão” de uma ou duas empresas privadas. O Governo dos Açores tem demonstrado que considera o Grupo Sata imprescindível para Região. O equilíbrio entre a necessidade de prestação de um serviço público e a adaptação ao mercado não é tarefa fácil porque, neste caso, não vigora, exclusivamente, a “pura” lógica empresarial. Fico sempre perplexo com aqueles que desenham modelos económicos totalmente neoliberais para uma companhia com poucos aviões e que presta serviço público. Apesar dessas posições, nada “consilientes” e às vezes “enroladas numa pseudo-neutralidade política”, sem tibiezas, é um imperativo defender o futuro da Sata. Este Conselho de Administração da Sata tem pela frente uma tarefa árdua e rigorosa. O Eng Paulo Meneses já mostrou que não se pode hesitar. Nem decisionismo intempestivo, nem tecnocracia árida, antes pragmatismo racional. Tenho a certeza que o Governo dos Açores continuará a dar devido suporte político e financeiro às estratégias acertadas. É preciso reforçar vigorosa e inteligentemente a Base dos Açores…nunca ninguém nos mandou bem a partir de fora! A propósito, o Presidente dos CTT, que não consegue manter a qualidade de serviço no território contínuo de “lá de fora”, escuda-se no transporte aéreo para justificar o desinvestimento postal em curso nos Açores… Este ano é tempo de acabar de “arrumar a casa” enquanto se renovam os procedimentos e a frota da Azores Airlines… Neste domínio, o novo DOV da Azores Airlines, o Comandante Vasconcelos, pode dar um contributo indispensável, competente, e, sobretudo AÇORIANO. Outrossim, a Azores Airlines é uma empresa com uma rede comercial montada, com mercados solidificados, com acordos de interline e code-share firmados com inúmeras companhias aéreas dos cinco continentes. A Sata foi a primeira companhia portuguesa a adquirir o primeiro A321 NEO, em breve virá o segundo. Esta nova frota, de A321NEO, é mais eficiente, mais económica, adequada às rotas entre Portugal e a costa leste dos EUA. A Tap fará o mesmo conforme já anunciou David Neeleman, elogiando a decisão da Sata. Estes rumos são cruciais, constituindo um estímulo para futuros parceiros estratégicos, mais eficientes se pertencerem ao mesmo setor. Não basta dizer que a Sata é fundamental ao desenvolvimento dos Açores e depois passar o tempo “a fazer ou a apoiar o jogo” da concorrência! A Sata é a NOSSA companhia aérea, ainda que aberta a novas participações de capital.