Opinião

E se?

E se, o Governo dos Açores não tivesse avançado com a “fronteira sanitária” que, sensatamente, determina a quarentena na Região? E se, as consequências da inércia, baseada em excrescências constitucionais, tivessem resultado na infeção em barda de muitos açorianos ou mesmo na morte de muitas pessoas? E se, o Estado tivesse avançado para um pragmatismo racional modificando a dita Constituição com a celeridade que todos exigiram a quem governa? E se, não se afogassem com mosquitos nas Regiões Autónomas enquanto engolem elefantes em pleno estado de emergência, fechando os olhos a manifestações ou em pouco tempo a festas políticas com 100 mil pessoas? E se, não tivessem leituras redutoras da constituição onde alardeiam o direito à vida, à saúde e, numa situação pandémica inesperada e grave, trocam, em insanável contradição, “a vida como bem supremo” por ditas liberdades e garantias que podem perigar a vida coletiva? Entendemos o espírito e o ambiente em que se construiu a primeira Constituição. Mas, os tempos mudam e os contextos também. Face às ameaças globais, as questões sanitárias deveriam passar para o primeiro nível das liberdades e garantias. E se, no próximo futuro, crimes sanitários como acontece no Brasil e nos EUA estivessem inscritos nos crimes julgados pelo Tribunal Penal Internacional? Afinal, Açores e Madeira com as precauções e medidas que tomaram foram uma vez mais as verdadeiras muralhas de um castelo nacional que ainda não entendeu o que é viver em ilhas. E se, entendessem que aqui também temos a 4a classe? E se, percebessem que os insulanos são muito mais resilientes, por isso resistem e persistem há mais de 590 anos no meio do Atlântico? E se, evoluíssem compreendendo que o nosso caminho é em frente?