Opinião

Tudo Bons Rapazes

Sim senhor... foi então agora que se deu início ao massacre do RSI, o Rendimento Social de Inserção. Bonito serviço, diria meu pai.
Fiscalizar não é sinónimo de perseguir, meus senhores, e muito menos em exuberante exibição perante câmaras e microfones...! O reforço de uma coligação cada vez mais Sui Generis a isso exigirá, certo?! É que só pode!... Não é maldade, como é óbvio. Internamente impõe-se apresentar serviço neste domínio, compreendo, caso contrário, esta tão humilde e frágil coesão começará a correr como areia por entre os dedos, fluindo continuadamente até ruir todo o castelo edificado exatamente da mesma matéria. Pela diferença económica que tal perseguição representa, é que não é, certamente. Este Governo Regional, o que não tem, são problemas nesse domínio, o económico. Uma mensalidadezinha de qualquer um dos cargos agora inventados seria mais do que suficiente para cobrir toda a despesa anual. E, portanto, é isto, uma questão de acerto de contas mas para dentro do clã familiar, Senhor Independente ao rubro de carícias e miminhos. Mas sendo então assumida essa raiva aos beneficiários do RSI (como aos de todas as demais prestações sociais), que se assumam igualmente as ações de os erradicar! Não é assim tão fácil agradar a gregos e a troianos, agradar às exigências de uma direita extrema e em simultâneo ao eleitorado Açoriano, tão necessitado que está - hoje mais do que nunca - de um conjunto de apoios sociais governamentais sensíveis. Mas não. A ambição é essa mesmo - agradar absolutamente a todos (Ai, ai, os votinhos!). Não indo então por aí, como afinal gostariam, mas que seria um óbvio suicídio político, porque não dar continuidade àquilo que a governação PS já vinha há muito empreendendo - a diminuição progressiva dos beneficiários do RSI por consequência direta da crescente diminuição dos desempregados? Não, é mais isto que temos: medidas de impulso, sem estrutura nem norte, naturalmente o fruto possível que tal saco de gatos poderia efetivamente produzir. E quem paga no fim? O mais frágil, o mais pobre, o já mais desfavorecido. Uma última nota: que história é essa de andar sempre a repetir que o Governo Regional entende que o RSI deve ser transitório? É que apesar da enorme pluralidade de visões, definitivamente, não me parece que algum dos partidos do nosso espectro político alguma vez defenda o contrário! Também percebo a ideia. A ideia é exatamente fazer crer, o mais possível, de que a atual oposição defende um RSI continuado, definitivo e permanente. Nada mais falso. Nada mais demagógico. E depois, ao coberto desta falsa ideia que naturalmente provoca imediata empatia da opinião publica, em simultâneo, se vai estabelecendo uma outra: a de que é necessário determinar um prazo para cada beneficiário, um ponto final da ajuda, independentemente da permanência da carência ou não. Pois que fique então bem claro que, para o PS, o princípio norteador é o de ajudar quem mais precisa e sempre, absolutamente sempre, como não poderia deixar de o ser, desde logo que as condições de necessidade que o originaram não se tenham alterado. Precisamente, o que há a fazer no Governo, é lutar, com tudo, para que essas condições de dificuldade rapidamente se invertam, não virando a cara a um sério investimento na Educação e Formação bem como com a criação de postos de trabalho efetivo, não permitindo, entretanto e em momento algum, que alguma família viva abaixo do limiar de pobreza e dignidade. É este o propósito, é este o fundamental princípio do RSI, e é esta a justa lógica social que eu não entendo possível como alguém, algum dia, algum tempo ou de algum modo, poderá estar contra. Maldade não é, certamente, mas ser bom... também não é ser-se assim.
"As far as I can remember I always wanted to be a wiseguy".