Opinião

A dança do urso

De crise em crise até à crise final. É esta a estratégia seguida pela coligação que suporta o Governo Regional. A única diferença entre os seus elementos parece, no entanto, ser mesmo quanto ao calendário eleitoral. O segredo mais mal guardado dos bastidores da política açoriana é, na verdade, de polichinelo. Para além da vexatória conferência de imprensa de sexta-feira passada, na qual ficou evidente o insuportável dano reputacional que determinado apoio parlamentar comporta, já todos perceberam que o PSD Açores quer ir a votos no final de 2022. O objetivo é simples: consolidar o poder para depois provocar uma crise e, por via dela, “matar” a coligação, e assim, se livrar dos acordos parlamentares para governar sozinho. Os pequenos partidos já o perceberam, os outros dois que compõem o triunvirato também. Todos querem evitar o “abraço do urso”, mas - sem saber bem como - empurram com a barriga para a frente na esperança de que o urso não os devore. Se é certo que “com tempo, até o urso aprende a dançar”, o relógio, entretanto, pula e avança. E não consta que o urso sofra de indigestão ou de alergias. Tic-tac, tic-tac…