O Senhor Secretário Regional dos Transportes, Turismo e Energia, Eng. Mário Mota Borges, é, desde muito cedo, o elo mais fraco do XIII Governo dos Açores. A sua escolha foi um equívoco. Politicamente, claro. Ainda que muitos afirmem que o equívoco deve ser entendido literalmente. Corre, nos bastidores, várias piadas em torno do convite efetuado. Até há um famoso epíteto com que tratam o Sr. Secretário. Como julgo que tudo não passa de humor negro, não vou por aí. Não quero acreditar que haja ponta de verdade na “rábula” inerente à respetiva escolha. A minha análise sempre foi efetuada com base no desempenho político. E nesse campo, justiça se faça, o Senhor Secretário sempre foi de uma incrível regularidade. Tudo o que fez… fez mal. Por culpa própria ou por intervenção de terceiros. A verdade é que as trapalhadas, erros e omissões se foram sucedendo. As áreas a cargo do Sr. Secretário exigiam, obviamente, um perfil politicamente hábil. Seria necessário, quase dia sim dia não, vir a público explicar decisões, tomar medidas, traçar um rumo. Tudo sem tibiezas e muito menos receio. Era um cargo para alguém que rapidamente conseguisse marcar terreno internamente e, ao mesmo tempo, granjeasse respeito na sociedade. A missão exigia “unhas”. O Senhor Secretário sairá sem sequer perceber onde estava a viola! E não foi por falta de avisos. Sei, de fonte segura, que lhe disseram ao que ia. Infelizmente, fez ouvidos moucos. E, assim, sairá pela porta mais pequena da Secretaria… após um terrível “KO” dado pelo Deputado Paulo Estevão em sede de audição na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Mas já lá vamos… Antes, quero recuar a abril do corrente ano. Nesse mês, o Senhor Secretário deu nota pública da proposta de novas obrigações de transporte aéreo interilhas. Face às críticas generalizadas, lembram-se do que aconteceu? Artur Lima veio a público referir o seguinte: “Isto é inaceitável para este Governo. A proposta põe em causa o desenvolvimento harmónico da Região. Eu não aceitei a proposta, nem a podia aceitar. Articulei esta posição com o Presidente do Governo, que também não concorda com propostas que contrariam o que está estipulado nos documentos que norteiam a nossa governação.” Fiz, na altura, um texto intitulado “Eu é que sou o (vice) Presidente!”. No referido texto, escrevi “[…]com maior ou menor pudor por parte do (vice) Presidente, o futuro do Secretário Mota Borges está traçado. É apenas uma questão de tempo. A “descasca” pública que levou por parte do (vice) Presidente é uma autêntica carta de despedimento.” Como a remodelação não chegou, e o tempo em gestão já vai longo, o Deputado Estevão – cérebro parlamentar da coligação – decidiu dar mais um presente público ao Senhor Secretário. Paulo Estevão, falando para ser bem ouvido, manifestou a "grande insatisfação acumulada" com o desempenho de Mota Borges "em muitas questões", como no caso dos "transportes marítimos" e dos "encaminhamentos" entre as ilhas. Acrescentando, em seguida, que "É inadmissível que vossa excelência não venha aqui explicar de forma absolutamente estruturada, lógica e fundamentada as posições que tomou. Portanto, vossa excelência a minha confiança política não a tem, senhor secretário". E terminou dizendo “[…] eu faço a minha própria interpretação porque a manutenção do senhor em funções depende do apoio de diversos partidos […]”. A oficialização da exoneração tardará ainda muito mais?