Opinião

Um Silêncio Ensurdecedor

O Governo Regional anunciou com pompa e circunstância o reforço de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a Região.
A dotação máxima do PRR sobe 37,3 milhões de euros. Estão disponíveis mais 22 milhões para a capacitação e transformação digital das empresas, 11 milhões para requalificar e alargar a rede de estruturas residenciais para idosos e, ainda, 4,3 milhões de euros para autoconstrução de habitações para jovens.
Este reforço de verbas destrói por completo as teses delirantes que denunciaram um suposto plano do PS e do Governo da República para “asfixiar financeiramente os Açores”.
Toda a mediatização em torno do reforço do PRR ignorou por completo um dos maiores escândalos financeiros do atual Governo Regional, as famosas Agendas Mobilizadoras.
Na sua versão inicial, o PRR contemplava 580 milhões a serem diretamente geridos pelo governo Regional dos Açores e mais 117 milhões pertencentes a programas nacionais mas reservados à Região.
Todos se lembrarão do escândalo de Setembro de 2021. Devido à incompetência do governo regional, os Açores perderam 117 milhões de euros consignados à agroindústria, ao turismo e à inovação empresarial. O escândalo levou ao afastamento do secretário regional das finanças. O presidente do Governo Regional garantiu que essas verbas não estavam perdidas e que “o processo recomeçaria do zero”. Passado um ano e meio sobre essas declarações o governo não tem uma única palavra de justificação. Há alguns anos atrás, formou-se nos Açores uma exótica frente contestatária formada por câmaras de comércio, associações agrícolas e sindicatos. Hoje, numa matéria de absoluto interesse direto desses setores, prevalece um silêncio ensurdecedor sobre um tema que, escândalos à parte, é altamente lesivo dos legítimos interesses dessas organizações. O que é feito dos destemidos dirigentes associativos açorianos?