Opinião

Elevando-se

Nem Roma, nem Pavia, nem a Vila de São Mateus da Calheta, se fizeram num só dia!

Esta lapalissada é suficiente para transmitir a ideia, indesmentível, de que o vasto conjunto de equipamentos e instituições nos domínios cultural, económico, social e patrimonial, em que se alicerça a elevação da freguesia de São Mateus à condição de vila, não surgiu na véspera da aprovação do Projeto de DLR apresentado por todos os Grupos e Representações Parlamentares e Deputado Independente, sociedade unipessoal de responsabilidade, cada vez mais, limitada.

A elevação a vila é o culminar de um processo de valorização da freguesia que remonta, pelo menos, a 1993 e que foi continuamente prosseguido e aprofundado até 2021 pelos Presidentes de Junta José Gaspar e Carlos Martins que transformaram profundamente a freguesia, garantindo as condições de facto para a sua elevação.

A Vila de São Mateus, talvez pela sua forte dinâmica piscatória, é como a pescada, uma realidade que antes de o ser já o era, ou seja, desde alguns anos que São Mateus era uma "vila", ainda que este estatuto não estivesse oficializado, pois reunia para os seus habitantes, principais beneficiários da transformação, todas as condições que agora permitiram o acesso àquele estatuto.

Ignorar esta realidade, de modo a elevar-se politicamente às expensas da elevação da freguesia a vila, é tão absurdo como colocar em pé de igualdade os trabalhadores que constroem as fundações, alvenarias e teto de uma casa com o padre que surge na inauguração para a benzer.

Igualmente absurda é a tentativa de valorização assente na ousadia de propor a elevação, ao estilo do velho slogan do MRPP "ousar lutar, ousar vencer", pois neste caso não houve luta e a vitória, a existir, é a de toda uma comunidade que ao longo dos anos se foi elevando.