Opinião

Cravos do mar...

Se são inegáveis as "históricas aspirações autonomistas", que a nossa Constituição exalta, a verdade é que Abril possibilitou a afirmação e consolidação dessa Autonomia Nova. Desde logo, democrática na sua legitimidade. Também construtora duma identidade, sempre de todos e de todas as ilhas - não já, por inaceitável, de algumas elites, situadas nalgumas ilhas; gerindo sabiamente equilíbrios tectónicos, de variado grau nas réplicas em Lisboa, e com epicentros instáveis, nos milagres de vencer marés de desconfianças, dum mar que aparta mas se comunga.


Uma Autonomia orgulhosa duma identidade em construção - mas a reclamar a solidariedade que sempre minguou aos portugueses daqui; uma governança exigente, porque só se justifica, se aceita e se legitima fazendo mais, até "porque para pior já basta assim"!; e ainda porque uma Autonomia tem sempre qualquer o seu exclusivo, mas reclama concertação e pertença ao país que se confirmou democrático na "Europa conosco", que também sonhou ser social e solidária, descentralizada e subsidiária, da União e das Regiões.

Os tempos cinzentos que a velha Europa revive, com as bestas da guerra a desdenharem da paz assente sobre o Direito e a Cooperação, ressuscitam medos perpétuos.

Também a revolução digital traz ínsita a arrogância de anular distâncias, exercendo uma poderosa força centrípeta, que sonha eficácias e eficiências por controle remoto, só confirma protagonismos velhos dos grandes centros.
Tudo isto são desafios e sinais: de que a Autonomia tem de ser dinâmica, inventiva, competente e firme... nos princípios e ideais que não passam!

Abril e Autonomia, sempre! Até porque não reconhecemos um sem a outra...