O PS/Açores desafiou, hoje, os restantes partidos a darem o seu contributo para o debate sobre a abstenção no arquipélago, alegando que, quem se recusar a analisar esta matéria, de forma séria, ficará com o ónus pela baixa participação eleitoral.
“O PS/Açores apela a todos os partidos, dentro e fora da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, para que dêem o seu contributo para a discussão deste tema”, afirmou o coordenador da Comissão Permanente, André Bradford.
Numa conferência de imprensa, na cidade da Horta, o dirigente socialista considerou que os partidos que se recusarem ”a entrar, de forma honesta, neste debate, ficarão com o ónus de ter preferido que tudo se mantivesse como está”.
Para André Bradford, era inevitável que, depois de quase 80 por cento de abstenção, o debate surgisse, apesar de alguns partidos terem tentado que o assunto fosse esquecido na própria noite das eleições, comportamento que se manteve nos dias seguintes.
Explicou, também, que o PS/Açores não está, neste momento, a defender que se institua o voto obrigatório, mas apenas a dar um contributo para este debate urgente, através de uma ideia que não deve ser excluída sem uma análise cuidada e despretensiosa.
“O voto obrigatório nunca significará, obviamente, qualquer indicação do sentido de voto. O eleitor poderá sempre optar por não votar em nenhum dos partidos que se apresentem às eleições em causa ou até por anular o seu voto”, afirmou.
“O PS/Açores pergunta: até que extremo é preciso ir a abstenção para que alguns líderes partidários achem necessário e urgente analisar o assunto?”, questionou o coordenador da Comissão Permanente do PS/Açores.
Na conferência de imprensa de hoje, o dirigente socialista adiantou, ainda, que o “PS/Açores não considera normal nem saudável que, 35 anos depois da implementação do voto livre, se verifiquem abstenções crescentes que atingem, de modo mais ou menos incisivo, várias eleições em Portugal e nos Açores”.
Para André Bradford, o debate sobre este tema só poderá, porém, ter resultados se todos os partidos o abordarem sem preconceitos políticos ou falsos moralismos.
O voto obrigatório está instituído em democracias de todo o mundo, em países como a Áustria, a Austrália, o Brasil, a Itália, o Liechtenstein, a Bélgica, o Luxemburgo ou a Suíça.
Um estudo do investigador Mark Franklin, sobre as eleições europeias desde 1979 até 2004, permitiu aferir que, em países que têm este sistema, a participação eleitoral está 30 por cento acima dos restantes.
Extrapolando esse dado poder-se-á concluir que a abstenção, nas últimas eleições, não teria chegado aos 50 por cento nos Açores, realçou André Bradford.