Os Vereadores do PS na Câmara Municipal de Ponta Delgada (CMPD), Sónia Borges de Sousa, José San-Bento e Rita Dourado, afirmaram hoje, em reunião do executivo camarário, que “o processo de construção da Central de Camionagem de Ponta Delgada tem sido uma verdadeira epopeia de peripécias, já teve quatro localizações distintas, já esteve para arrancar pelo menos cinco vezes. É uma novela de contradições, erros e falta de transparência”.
Os Socialistas lamentam a forma como a CMPD tem gerido este dossier afirmando que “perante tamanha falta de critérios objectivos recomendar-se-ia à autarquia clareza nas opções tomadas, abertura para esclarecer os munícipes e transparência processual, requisitos que a Câmara não cumpre de forma grosseira”.
Os Vereadores eleitos pelo PS adiantam que “a Presidente da Câmara não apresenta os critérios técnicos da decisão tomada nem é capaz de precisar a estrutura de encargos financeiros da parceria privada que estabeleceu”. Os socialistas sublinham que “os aspectos financeiros desta operação são de todo desconhecidos. A última vez que a Câmara fez algo de parecido, no caso do parque de máquinas municipal construído pela Azores Park, houve uma derrapagem de 108% em relação à renda mensal inicialmente prevista, passou-se de 12.000 euros por mês para 25.000”.
Os Vereadores do PS consideram estar-se perante “uma decisão envolta em secretismo em que a Câmara em vez de salvaguardar o interesse geral dos munícipes parece conformar-se aos interesses privados de um promotor imobiliário”. Para os socialistas “é isso que justifica a localização desadequada da Central de Camionagem que, soubemos hoje, está inserida num projecto arquitectónico que desrespeita as regras elementares de preservação do património e que não foi sujeita a nenhum estudo idóneo sobre a sua localização.” Os socialistas recordam que “A CMPD tem um registo com alguns exemplos muito negativos no que toca à salvaguarda de património edificado, basta lembrar o ‘bunker’ de estacionamento que foi feito em frente ao Teatro Micaelense”.
Face à incapacidade da Presidente de Câmara em fundamentar tecnicamente a opção tomada e também perante esclarecimentos insuficientes, os Vereadores eleitos nas listas do PS propuseram “a discussão pública desta matéria através do agendamento de uma reunião extraordinária, com carácter de urgência, da Câmara Municipal a realizar na própria freguesia de São José, aberta à população, e que possa contar com a presença de técnicos especializados em questões urbanísticas e de transportes rodoviários, e também com representantes da junta de freguesia local”. Todavia, proposta foi recusada pelo PSD.
A terminar os socialistas consideraram “ser necessário apostar decididamente nos transportes públicos em Ponta Delgada mas esta aposta deve ser fundamentada tecnicamente e consensualizada no plano político. A Presidente Berta Cabral não fez nem uma coisa nem outra”.