Os Vereadores eleitos pelo PS na Câmara Municipal da Ribeira Grande, Lurdes Alfinete e Artur Pimentel, realçaram que aquele município “prefere arrecadar verbas nos seus cofres em vez de investir na qualidade de vida dos Ribeiragrandenses”, alertando para o “contínuo adiar de obras fundamentais na Ribeira Grande”.
Os socialistas abstiveram-se na votação dos documentos de Prestação de Contas da Câmara Municipal da Ribeira Grande referentes a 2021, em reunião decorrida nas Calhetas, por considerarem que “as contas traduzem, principalmente, o arrastar de investimentos estruturantes para a Ribeira Grande, que tarde ou nunca são concretizados. Tal nada tem a ver com a falta de verbas, pois os documentos demonstram um crescimento das Receitas por via da cobrança de impostos e das transferências do Estado”.
Ao longo de 2021, a autarquia arrecadou cerca de 20,5 milhões de euros, num aumento de 7,31% em relação a 2020, e fez transitar 4,5 milhões de euros de 2020 para 2021 no Saldo de Gerência, um crescimento de 50% em relação ao registado de 2019 para 2020.
Como exemplo, os vereadores apontaram a rubrica “Taxas, Multas e Outras Penalidades”, aplicadas aos Ribeiragrandenses e a quem investe na Ribeira Grande, na qual a Câmara cobrou mais de 209 mil euros, sem, no entanto, prever alterações que promovessem o investimento, as obras ou a saúde económica. “Apesar desta aparente saúde financeira, o que verificamos é que ano após ano, falta investimento planeado e devidamente executado”, frisaram.
Para os socialistas, estas verbas poderiam ser empregues em “obras que se arrastam há mais de 8 anos e que estão a comprometer a comunidade e a atratividade do Concelho”.
Assim, os vereadores do PS recomendaram que a Câmara Municipal da Ribeira Grande “adote uma política de 3 R’s na sua gestão financeira: Reduzir, Reestruturar e Reinvestir.”
Os socialistas propuseram a redução de taxas, multas e penalidades, especialmente nas taxas de loteamento, porque “uma redução de 100, 200 ou 300€ faz pouca diferença para a autarquia, mas faz muita diferença para cada Ribeiragrandense”, defendendo, ainda, uma “discriminação positiva para as freguesias mais despovoadas do Concelho, para fixar e aumentar populações”.
Lurdes Alfinete e Artur Pimentel apelaram, de igual forma, à “reestruturação da gestão camarária na distribuição de verbas e na recuperação de dívidas, pois é preocupante o “crescente despesismo, com as despesas correntes totalizando um máximo histórico de 12,5 milhões de euros, mais 5,47% que em 2020”.
Os socialistas apelaram, por fim, ao reinvestimento dos proveitos da Autarquia, para que se possam “concretizar obras que têm feito manchete pelas piores razões e que se arrastam sem fim à vista” como “o caminho Maia-Lombinha; o Campo de Jogos de Rabo de Peixe que, apesar de inaugurado, ainda não está concluído; a ligação das águas da cidade à ETAR de Rabo de Peixe; a conclusão da Frente Mar; ou do caminho da Tondela”, só para citar alguns.
Lurdes Alfinete e Artur Pimentel defenderam “um outro caminho para a Ribeira Grande”, apostando seriamente “no saneamento e na recuperação de habitação degradada”, que recebeu em 2021 um investimento residual de pouco mais de 100 mil euros, para todo o ano e para todo o concelho.
“A Ribeira Grande tem grandes potencialidades e deveríamos tomar outro rumo. Na nossa perspetiva, há que Reduzir, Reestruturar e, sobretudo, Reinvestir. O que não pode continuar a acontecer é o sistemático adiamento do Futuro”, finalizaram os vereadores eleitos pelo PS na Câmara Municipal da Ribeira Grande, Artur Pimentel e Lurdes Alfinete.