Apesar da mistura de conceitos, que muitas vezes considera o comércio tradicional, o pequeno comércio e o comércio de rua, como a mesma realidade, há um amplo consenso europeu sobre as vantagens de dinamizar o comércio nos centros das cidades. Este reconhecimento decorre da constatação que o comércio nos centros históricos desempenha um papel fundamental na dinamização das funções económicas, sociais, culturais e turísticas que caracterizam os centros das cidades. Em Ponta Delgada a Câmara Municipal cometeu o erro histórico, sobretudo entre 2002 e 2007, de não canalizar parte da promoção imobiliária privada, que construiu várias torres de apartamentos na periferia, para a reabilitação habitacional do centro. Paralelamente, nunca houve uma aposta clara no apoio aos comerciantes do centro da cidade. Se exceptuarmos a reabilitação de espaços públicos, a maior cidade dos Açores viveu uma fase dourada do imobiliário sem uma estratégia de revitalização do seu centro. Hoje, perante uma cidade desertificada de moradores, é urgente apoiar o comércio do centro histórico. O discurso da crise e dos tempos difíceis não pode servir de desculpa para a Câmara Municipal continuar sem agir. Este não é o momento de baixar braços. As gestões municipais devem desenvolver iniciativas que contrariem as dificuldades. A desculpa da “divida de IRS” do governo da república, que representa menos de 4% das receitas do município, não pode servir de desculpa para nada fazer. Foi neste quadro que o PS apresentou, no passado dia 2, um Programa de 25 medidas (disponível em www.psacores.org) de apoio ao comércio do centro de Ponta Delgada. Mas há quem tenha medo de debater as propostas do PS. Há quem prefira atacar o mensageiro para esconder o mérito da mensagem. Para estes fica o recado lançado no passado Sábado “porque é que nada disso está feito?”. Boa pergunta! DESTAQUE: Hoje, perante uma cidade desertificada de moradores, é urgente apoiar o comércio do centro histórico.