Noticiou o DN da semana passada que o CDS da Região Autónoma da Madeira tinha pedido a atenção do Ministro da Economia para o facto da liberalização aérea naquela Região ter feito aumentar os preços das passagens. Em média - lia-se na notícia - as passagens custam hoje mais 100 euros.
Por cá, sobre esta notícia da carta enviada ao Ministro da Economia fazendo sentir que aquilo que era apontado como uma grande conquista dos madeirenses, pode transformar-se num grande pesadelo – nem uma linha se escreveu…
Nas regionais de 2004, o PSD/Açores propunha aos eleitores criar uma Sociedade de Desenvolvimento para combater a desertificação e o envelhecimento das ilhas mais pequenas do arquipélago.
Os jornais de então, diziam que sociedades deste género, lideradas pelo governo regional e com a participação de municípios e privados, permitiriam um reforço de investimento necessário à fixação de jovens…para além disso, explicava o líder de então, estavam isentas da aplicação das regras impostas ao controlo do défice público.
Na altura, o PSD/A prometia fazer o Carapacho, na Graciosa, lançar o projecto para um “hotel de qualidade” naquela ilha e ainda implantar uma estação de recolha de dados de satélite.
O PSD/A perdeu as eleições. Sem Sociedades de Desenvolvimento, o Governo dos Açores construiu o hotel, recuperou as termas, existe uma Estação de Monitorização de Ensaios Nucleares, recuperou-se o porto de pescas. Dirão: falta o porto de recreio! Não falta. Está a ser feito. Para lá vamos. Lá chegaremos sem ter que criar Sociedades destas.
Tranquilos. A coesão é património inquestionável do partido que suporta o Governo e se dúvidas houvesse (mesmo assim), já deviam ter sido desfeitas: o Presidente da República, em visita, reconheceu que “o desenvolvimento das ilhas da coesão açorianas não é tarefa fácil”, considerando (de acordo com notícia da LUSA) que “as orientações que estão a ser seguidas parecem ser as correctas”.
As moscas nem zuniram depois das declarações do Presidente da República, mas logo se apressaram a vir explicar a sua “política de coesão”, omitindo, em toda a linha, a ideia de “Sociedades de Desenvolvimento” e guardando-a, quiçá, para o programa eleitoral…
Uma coisa, porém, é certa: às Sociedades de Desenvolvimento todos sabemos o que aconteceu. Construíram tudo. Agora devem tudo! Na Madeira, pois então. E se fosse nos Açores? Tudo a assobiar para o ar.
Por falar em assobios para o ar, não posso deixar de fazer o reparo: encheram as ilhas dos Açores de cartazes do PSD e uma citação de Carlos César. Durante meses blogaram sobre o assunto, puseram posts no Facebook, escreveram artigos de opinião e twittaram a toda a força.
Agora, cansados de tanto esperar, com um programa eleitoral com cada vez menos páginas e a líder ausente em Lisboa, dizem não ter nada a ver com a “vida interna do PS”.
Podia ser curioso. Podia (até) ser um “case study”. Mas não é. E saber que é o PSD/Açores faz toda a diferença. Desde sempre.