Acreditar que no meio desta “Grande Recessão”, uma região periférica e insular, como os Açores, poderia resistir indefinidamente às adversidades do abrandamento do consumo interno, da cessação do crédito bancário às famílias e às empresas e da quebra de confiança na economia, como alguns partidos da oposição querem fazer crer, seria tão absurdo e ridículo como considerar que a solução para estes problemas está exclusivamente ligada à condução de políticas públicas de índole exclusivamente regional.
Basta olhar para economias, até há pouco tempo exemplares, em termos de competitividade e de capacidade industrial, como a Espanha e a Itália, as quais, para se financiarem, em alguns prazos, já pagam juros superiores a Portugal.
Basta pensarmos em países como a França e a Alemanha, os quais, diariamente, vêem os seus indicadores económicos baixarem e o abismo da crise ficar mais perto.
Ao nível do sector turismo, o desafio que nos é proposto, e a que procuramos responder, é igualmente difícil.
Difícil porque estamos a trabalhar num contexto macroeconómico crítico que se vive igualmente nos nossos principais mercados emissores de turistas. Ou seja, podemos procurar continentais portugueses para virem aos Açores mas a crise no Continente dificulta a disponibilidade dessas pessoas; podemos fazer o mesmo com os espanhóis mas a crise na Espanha também é nossa inimiga; podemos fazer isso em muitos outros lugares com a mesma dificuldade.
Seria muito fácil, nesta discussão, fazermos como o maior partido da oposição, e dizermos que a solução para os problemas deste sector é: “trazermos mais turistas para os Açores!”.
Pois claro: até aí todos sabemos…
Nenhum açoriano nos levaria a sério se o trabalho de um partido político como o Partido Socialista se baseasse apenas na identificação do problema e não no apontar, de uma forma concreta e consequente, a forma de resolução deste mesmo problema.
A sustentabilidade do turismo passa por utilizarmos os instrumentos de incentivos disponíveis no Plano de Investimento, em parceria com os agentes do sector, para qualificarmos, diversificarmos e adequarmos a nossa oferta turística, às mais-valias que as nossas especificidades nos proporcionam.
Produtos turísticos como o termalismo, o golfe, o touring, o mergulho, a observação de cetáceos, o geoturismo, o ecoturismo, o pedestrianismo e a oferta qualificada na área do meeting industry, são apenas alguns exemplos daquilo que, conforme o Plano de Marketing Estratégico da Região elenca, podem qualificar a “Marca Açores”.
Mas numa altura em que prevemos que as medidas de austeridade do governo do PSD penalizem fortemente os fluxos turísticos provindos do nosso principal mercado emissor, o trabalho que está a ser feito de acções/eventos, no âmbito promocional, tendo como centro o aumento da notoriedade da “Marca Açores”, junto dos restantes treze mercados emissores que elencamos como prioritários, constitui, uma necessidade para o sector, que deverá ser reforçada.
Mas a nossa ambição de estruturação do sector turístico não pode ficar apenas por aqui!
Temos de evoluir a nossa relação com os operadores turísticos com que trabalhamos e com outros, novos, como também temos melhorar as acessibilidades aéreas e marítimas, tendo como premissa base de objetivo, o aumento do número de dormidas e o aumento do gasto médio por turista.
Estamos a viver uma crise em que todos sofrem. Se há crise no Continente, na Itália, na América, é normal que menos continentais, menos italianos e menos americanos visitem os Açores.
É a sequência lógica das coisas. Mas podíamos ter ficado resignados a esta evidência e dizer, apenas e só, “é a vida”. Mas, não, enfrentamos a actual conjuntura de frente e fomos à procura de novos mercados, de novas forma de promoção e de novas estratégias de captação de mercados.