Opinião

“Eva” Cabral

Na mesma sala em que, em 2009, declarou a Manuela Ferreira Leite que o candidato dos sociais-democratas açorianos às eleições europeias seria Duarte Freitas, a presidente do PSD/A pediu no passado Domingo, dia 15, a Pedro Passos Coelho, apoio para a sua (?) proposta a Bruxelas, no que à descida do preço das passagens diz respeito. Com Duarte Freitas sabemos o que aconteceu. Lisboa impôs aos companheiros açorianos a troca deste por uma mulher. Na altura disse-se que era uma “questão de género” e a presidente do PSD/Açores logo apareceu para dizer que “em vez de um décimo lugar (na lista de candidatos do PSD ao Parlamento Europeu) que os Açores não mereciam, vamos ter um sexto lugar que prestigia a Região” disfarçando assim o indisfarçável embaraço por que deixou passar o PSD/A e a injustiça feita ao prometido candidato. Intervindo Domingo no congresso do PSD/A, Passos Coelho admitiu não ter solução para o problema dos custos dos transportes, afirmando mesmo que “Não sei como o vamos fazer”. Ouvindo, de seguida, a presidente do PSD/Açores percebemos porque é que Passos Coelho não sabe ou não quer mudar as obrigações de serviço público: porque o PSD/Açores pensa que Bruxelas é que deve criar um programa comunitário específico mas, se tal não acontecer a Região (se viesse a ser presidida pela presidente do PSD/A) tiraria do seu próprio orçamento… Assim, a Passos Coelho só resta aplaudir e ignorar que o Governo dos Açores aguarda há meses que o executivo liderado pelo “homem dos dois chapéus” ainda não tenha permitido iniciar as conversações para a revisão das obrigações de serviço público no transporte aéreo entre o continente e o arquipélago. Se a presidente do PSD/Açores não fosse a negociadora fácil que se cansa de dizer que não é, ou se pusesse o interesse dos Açores à frente dos interesses do partido, talvez pudesse ter feito um discurso mais coerente no que a esta matéria diz respeito, pedindo a Passos Coelho, por exemplo, que acelere o processo, uma vez que há três meses, o Ministro da Economia nomeou um interlocutor, mas ainda não marcou a primeira reunião deste processo. É óbvio que esta situação tem constituído um obstáculo para que se proceda a uma eventual redução das tarifas aéreas entre a Região e o território português, como é também óbvio que mesmo sabendo disto, a presidente do PSD/Açores omitiu o facto. O XIX congresso do PSD/Açores, para além de trazer à ribalta todo o velho PSD/A do século XX, foi um aquecer de alma para os companheiros, um aquecimento que se fez na tentativa de enobrecimento da presidente e do insulto permanente ao Governo dos Açores e aos açorianos. Se estão consolados, tanto melhor, mas não deixa de ser estranho que tenham omitido da agenda algumas questões fundamentais, como esta das obrigações do serviço público dos transportes aéreos ou outras como a reforma do mapa autárquico, por exemplo. Seja como for terá sido o congresso possível, repleto de dirigentes sociais-democratas a tempo inteiro há mais de 30 anos, escudados nos seus lugares, apenas pelo trabalho prestado. Da vida interna do PSD/A saberá o próprio PSD/A, mas não deixa de ser estranho que Pedro Gomes, José Manuel Bolieiro, Clélio Meneses ou Rosa Dart não comentassem o congresso, nos órgãos de comunicação social, no lugar do ex-Secretário Regional da Saúde, do ex-Subsecretário Regional para a Comunicação Social ou do ex-Secretário Regional das Obras Públicas dos Governos de Mota Amaral. Por último e justificando o título, digo que alguém devia ter arranjado a Passos Coelho um cartão de bolso, tipo cábula. Aos microfones da RDP Açores, Passos Coelho chamou "Eva Cabral" à presidente do PSD/Açores. Das duas, uma: ou estava a pensar em maçãs ou então teve cábula (apenas) para o discurso de tribuna…