Opinião

Novo ciclo de desenvolvimento

Por várias vezes afirmamos a importância de uma visão estratégica de médio prazo, devidamente planificada, com metas e objectivos bem definidos, capazes de potenciar desenvolvimento económico e social. Temos de saber, de forma clara, onde queremos estar daqui a 10 anos? Quais os índices de desenvolvimento dos Açores que queremos daqui a 10 anos? Onde e de que forma apostar. É certo que as dinâmicas económicas e sociais de hoje estão sujeitas a grande imprevisibilidade e os constrangimentos que nos chegam de fora, que não controlamos, obrigam-nos a desenvolver agendas conjunturais para amenizar os impactos negativos imediatos desses constrangimentos. Apesar disso, é fundamental definir uma agenda estrutural de médio prazo. Nesse âmbito, o novo quadro comunitário até 2020 deve constituir-se como um instrumento determinante para um novo ciclo de desenvolvimento nos Açores. Um desenvolvimento que não pode estar circunscrito ao período de execução das verbas disponibilizadas, mas que deve criar as bases de sustentabilidade para o período pós-2020. Nesse âmbito, o Partido Socialista assume como grande prioridade a liderança do processo de planificação das prioridades do futuro, congregando as ideias, preocupações e propostas dos parceiros e da sociedade açoriana. Os Açores conseguiram assegurar, à partida, um envelope financeiro de 1.546 milhões de euros de cofinanciamento comunitário, o que representa um aumento de 8 milhões de euros em relação ao atual Quadro Comunitário de Apoio, o que é ainda mais significativo e relevante no contexto da diminuição real de fundos comunitários no Orçamento da União Europeia. Este novo quadro será um instrumento fundamental para um novo ciclo de desenvolvimento na Região, apostando na consolidação de sectores estratégicos para a economia regional, que permitam a criação de emprego. É essa a grande prioridade. Estamos, assim, empenhados num processo alargado de consenso em torno do trabalho desenvolvido pelo Governo dos Açores e pelos parceiros sociais e económicos. E espera-se que todos estejam disponíveis para isso, de forma genuína. Sem encenações mediáticas ou supostos empenhos e determinações circunstanciais que só servem para disfarçar incapacidades. Porque este é o tempo de promover consensos e convergências a favor dos Açores e dos Açorianos. As pessoas não querem políticos que dão mais importância à guerrilha partidária e à retórica de circunstância. As pessoas querem políticos que resolvam os seus problemas. O combate político-partidário é sempre importante em democracia, mas a assertividade e a contundência não se podem confundir com debates estéreis e inconsequentes que não nos levam a lado nenhum. Temos divergências políticas e ideológicas com todos os partidos da oposição. É normal e saudável que assim seja. Mas isso nunca se pode sobrepor ao interesse colectivo, sobretudo no tempo de excepção que atravessamos.