Um dos factores que mais influi na confiança e no comportamento dos agentes sociais e empresariais internos e externos é a informação e a segurança na previsão das políticas e das orientações de gestão por parte das entidades públicas. É nesse contexto que o Governo dos Açores anunciou a elaboração e aprovação de um Plano Integrado de Transportes que permite, tal como o nome indica, ponderar, de uma forma única e articulada, todos os investimentos públicos nesta área.
Temos, hoje, uma frota interilhas da SATA, moderna, rápida, confortável, com uma razoável capacidade de transporte de passageiros e de carga. Ao nível dos transportes aéreos para o exterior, nomeadamente para o continente, beneficiamos de 5 Gateways, as quais apesar de não muito racionais no sentido estritamente económico - mas se pensássemos assim nada se construía ou realizava nos Açores -, podem e devem ser potenciadas no seu papel de geração de riqueza e ao nível das suas externalidades positivas para todas as ilhas.
Temos uma boa frequência de voos para o Continente e Madeira, o que permite em números globais satisfazer as necessidades de carga e de passageiros, mas também é verdade que este modelo de transportes aéreos é pouco flexível nos picos da sua operação de passageiros e, sobretudo, de carga, e ainda é caro para fomentar diretamente o turismo e proporcionar convenientemente as acessibilidades dos residentes nos Açores - utilizo a palavra “proporcionar” e não “fomentar” pois o pretendido para passageiros residentes não se fundamenta num ponto de vista económico mas sim de serviço público. Infelizmente, ainda esperamos que o Governo da República faça a sua parte e aprove as tão esperadas Obrigações de Serviço Público de transporte aéreo para o Continente.
Ao nível do transporte marítimo, os Açores sofreram nos anos 80 uma transformação que, bem ou mal, alterou a forma como a atividade económica se processou: o transporte de carga leve e perecível e de passageiros passou a ficar dependente sobretudo do meio aéreo, beneficiando o seu rápido tratamento mas exponenciando o seu custo.
Os Governos do PS, embora ainda de forma imperfeita, recuperaram o transporte marítimo de passageiros e de carga perecível sazonal e com novos navios, que agora podem transportar também veículos ligeiros e de mercadorias, melhoraram a operação regular no grupo central e equiparam todos os portos dos Açores com novas estruturas, nomeadamente rampas ro-ró que permitem o embarque de carga rodada e de veículos de uma forma rápida.
Diariamente centenas de Açorianos e de turistas utilizam as inúmeras ligações da Transmaçor para se deslocarem. Durante o Verão, com a Atlanticoline, milhares de pessoas visitam e conhecem outras ilhas e utilizam os estes navios para outras actividades designadamente de natureza económica.
Mas, mesmo assim, muitas empresas e muitos Açorianos desesperam com a sua insularidade: com a dificuldade em deslocar-se atempadamente e a um custo acessível, em receber as suas encomendas em tempo útil ou em conseguir escoar os seus produtos de uma forma competitiva e regular. Não basta, assim, termos melhorado. Urge fazer mais e melhor.
Do Plano Integrado de Transportes espera-se essa melhoria, especialmente através de uma articulação racional e eficiente dos meios de transportes aéreos, terrestres e marítimos. Por exemplo, e num exercício puramente teórico, por que razão é que estando um empresário numa determinada ilha e querendo exportar peixe para o Continente tem de o meter nos DASH (se houver espaço) para que este seja carregado para Lisboa noutro dia e noutra ilha (se houver disponibilidade), se posso transportar a carga por barco para que possa sair por avião por outra ilha no mesmo dia e de uma forma mais barata? São respostas operativas simples e racionais que se procuram e que visam beneficiar o sistema e os seus utilizadores.
Temos excelentes infraestruturas, meios de transporte disponíveis e outros que se esperam para breve. Temos boa legislação que enforma o seu funcionamento e fundos comunitários disponíveis neste âmbito. “A conjugação eficiente de todos estes meios”, que agora se pretende activar com o PIT, como o disse no Parlamento em Novembro de 2008, pode permitir à Região atingir um nível superior de eficiência económica, com menores custos de importação, transformação e exportação, com a consolidação de um mercado interno e com a criação também de um produto turístico “Açores” mais completo e mais valorizado.