Opinião

Nós Europeus...

É no plano europeu que muitas das questões que influenciam as nossas vidas serão decididas. Não é, por conseguinte, de todo indiferente para a nossa vida o resultado das próximas eleições para o parlamento europeu. Ainda mais porque de acordo com o Tratado de Lisboa, passou a competir ao Parlamento Europeu a eleição do novo presidente da Comissão, por proposta do Conselho Europeu, tendo em conta os resultados das eleições. A composição do parlamento será decisiva para que a Europa possa seguir um novo rumo. A Esquerda europeia apresenta como candidato a Presidente da Comissão Martin Schultz, uma personalidade de reconhecida credibilidade e um adversário da austeridade como panaceia para todos os males. Assim, votar no próximo dia 25 de Maio pode fazer a diferença. Apoiar a alternativa é escolher um novo rumo para Portugal e para a Europa. Já todos percebemos que, nos últimos anos, a Europa deixou-se cristalizar. Os liberais do PPE não foram capazes de construir uma Europa para todos. Nos últimos anos a Europa deixou de ser um referencial de boas práticas políticas e sociais.~ As próximas eleições poderão voltar a colocar o projeto europeu no rumo certo. Uma Europa menos monetarista e mais social. Mais preocupada com o emprego e com a coesão social e menos refém da divida e dos Mercados. Não defendemos que as dividas contraídas pelos Estados não tenham de ser pagas. Mas isso não pode ser o centro das atenções e a prioridade das prioridades. A austeridade imposta aos cidadãos em nome dessa divida está a matar os princípios de construção europeia e a provocar fortíssimas instabilidades sociais e económicas. Precisamos de uma nova abordagem, corajosa e diferente. Que reestruture as dividas, dê mais tempo aos Estados e que lhes permita regras mais justas, com mais flexibilidade para atingir as metas do défice e da dívida pública, com taxas de juro realistas. É por isso que estas eleições europeias são a grande oportunidade de inverter esta situação e de alterar a concepção neoliberal dominante na Europa. Nos Açores, não podemos achar ou acreditar que estamos longe dessa realidade europeia. O que se passa nos corredores de Bruxelas e de Estrasburgo tem grande influência na nossa vida quotidiana, enquanto Região. Isso verifica-se em variadíssimas matérias. A percepção dos cidadãos açorianos da real importância das instâncias comunitárias não deve estar circunscrita à programação financeira dos quadros comunitários. Deve ser muito mais do que isso, na afirmação de preocupações estratégicas determinantes para o futuro dos Açores como os Assuntos do Mar, a Agricultura e as Pescas, a mobilidade e os transportes, dando força e apoio aos projectos políticos mais capazes de defender e afirmar estas questões na Europa em defesa do nosso futuro, porque somos açorianos, portugueses, mas também Europeus.