Não se trata de discutir a dedução vs indução. Contudo, as generalizações abusivas são muito comuns em políticos que inferem de um caso particular para uma conclusão. Este raciocínio tendencioso e propenso à refutação aconteceu, por exemplo, quando um relatório sobre o acidente marítimo de S. Roque do Pico serviu para, a cobro da invocação do pesaroso acontecimento, logo se caminhar para os juízos finais e pedidos habituais de demissão. Sem aguardar pelas conclusões de outras entidades, como o inquérito do Ministério Público e as conclusões da própria comissão potestativa de inquérito da Assembleia Legislativa Regional, criada pelo PSD, eis que este e outros partidos revelam que mais vale um relatório do que a avaliação global de muitos relatórios. Esta é uma generalização abusiva na sua pior feição. Em alguma oposição, tal tendência é velha, precipitada, inconsequente e denunciadora de “má-fé política”, pouco apreciada pela população. Aliás, de modo idêntico se o PS tivesse pedido a demissão de autarcas de Ponta Delgada após as várias mortes na Avenida D. João III, alguma oposição e comunicação social, logo viriam a terreiro defender o exagero, o aproveitamento e outros qualificativos que agora traduzem por responsabilidade política. Questão doutrinária, não cabe aqui analisá-la ou discuti-la à luz da própria ética e menos ainda da polissemia deste conceito (aprovativa? autónoma? heterónoma? evolutiva? teológica? dependente do regime socioeconómico e com caráter histórico?). Após os trabalhos em curso, quem de direito assumirá as devidas ilações.
Noutra dimensão temer uma generalização restrita é saber que o nosso mar representa mais de 55% da nova área oceânica com 400 milhões de km2, cabendo à Madeira cerca de 26% e a Portugal continental cerca de 19%. Se a estimativa de riquezas submarinas está nos 886 mil milhões de euros então caberiam aos Açores 487 mil milhões de euros, à Madeira 231 mil milhões e ao retângulo continental 168 mil milhões. Mais difícil do que estudar este isomorfismo matemático, será persistir numa estratégia jurídica, política e científica que garanta, em próximas Revisões Constitucionais, a justiça para quem resiste no centro do Atlântico há pelo menos 500 anos. Pelos vistos, só no mar, os recursos dariam para autossustentação por outros tantos 500 anos…Sem generalizações restritas e inconsequentes, obviamente!