Fazer política não é fácil. A maioria pensará, porventura, que os políticos são privilegiados. Mas a realidade é bem diferente. O escrutínio a que está sujeito quem se dedica à causa pública é, muitas vezes, avassalador. Não obstante, há que saber manter a dignidade e não cair nas fáceis armadilhas que se nos estendem. É difícil tomar decisões que não agradem a todos. É fácil cair no populismo de dizer e fazer o que toda a gente quer, mesmo que não seja o correto. Difícil é manter a compostura quando muitas vezes se sofre injustificados ataques. Porém quando os princípios existem e são seguidos, não há provocação baixa e torpe que os possa abalar.
Fazer política requer trabalho árduo: há que pensar e ponderar, sempre com retidão. Os políticos que não querem trabalhar dedicam-se a um tipo de mesquinhez, disfarçada de política. Quem não tem capacidade para pensar, dedica-se ao escárnio e maldizer. Quem não tem retidão dedica-se a falar e a escrever sobre a vida de terceiros, aqueles cuja competência os incomoda. Sim, fazer política é também saber ser direto. Respeitando essa máxima, assumo que me refiro ao infeliz e funesto “artigo de opinião” do deputado João Bruto da Costa, na passada semana. É triste ver que quem foi eleito pelos Açorianos se comporta de modo tão desconforme ao respeito que deveria ter pela cadeira em que se senta. E nada mais direi sobre o parlamentar em questão. Porque não me interessa de onde vem, o que fez ou o que faz, quem é o seu pai ou a sua mãe, se vai a bailes ou a discotecas ou se prefere ir à praia ou ao clube de tiro. Desde que trabalhe.
Tornou-se um mau costume no seio do PSD/Açores atacar figuras do PS. Gastam rios de tinta a levantar aleives por tudo e por nada, esquecendo-se que existem Açorianos que votaram no PSD para trabalhar e não para andarem pelos jornais a esforricar a vida dos outros.
Tornou-se também um mau costume no PSD/A o desrespeito pelas figuras da Região, eleitas pelos Açorianos. Protocolo é coisa que, para eles, é moldável. E a nova geração de social-democratas (presidentes de Câmara incluídos) é perita no atropelo de regras protocolares para pôr as suas castas à frente de quem recebeu do povo mais votos e que, “só por acaso”, é do PS.
Tornou-se um mau costume no seio da nova geração de sociais-democratas que o que é aprovado em Assembleia Municipal seja só “para inglês ver”. Como exemplo, vejamos as alterações ao Regulamento das Cavalhadas na Ribeira Grande, no respeitante ao bem-estar animal, aprovadas há mais de um ano na Assembleia Municipal da Ribeira Grande por larga maioria. Alexandre Gaudêncio ignorou-as deliberadamente e remeteu esclarecimentos para a Comissão de Festas, demitindo-se de uma competência que é sua. Mas então e a Assembleia Municipal? E os representantes eleitos do povo? As suas decisões já não servem para nada e o executivo camarário tem carta-branca para pôr e dispor, incluindo remeter decisões que são suas para uma Comissão de Festas? E as tradições não se fizeram para se adequar aos tempos? E se na Ribeira Grande se queimassem gatos como se faz em Mourão, também não se podia mudar porque “é tradição”?
No fundo, a gratuitidade de comportamento tornou-se num mau costume no PSD/A, uma leveza no tratamento e um desrespeito pelas mais básicas regras de correção. Os Açorianos percebem e não esquecem. E certamente não se irão compadecer com estes maus costumes.