Opinião

As Responsabilidades

A Secretária de Estado da Defesa Nacional visitou no início desta semana a Ilha do Faial, onde aproveitou para, na qualidade de candidata a deputada à Assembleia da República, desenvolver iniciativas relacionadas com a sua campanha eleitoral. Na Horta, Berta Cabral deixou dois apontamentos que relembram a candidata à presidência do Governo de 2012. Não terá aprendido nada com a antiga experiência? A demagogia e a incoerência estão de volta? Vejamos as duas declarações que merecem referência. A primeira prende-se com a afirmação que “no âmbito do alargamento da plataforma continental se instale no Faial um Centro Internacional de Investigação do Mar”. Há duas curiosidades sobre este compromisso. Uma é que ele não consta no programa de governo da coligação nacional entre o PSD e o CDS-PP. E outra é que esta ideia consta no programa do PS há mais de um ano. A segunda declaração de Berta Cabral no Faial tem a ver com o compromisso de que irá “defender uma Universidade dos Açores adequada aos interesses da nossa Região e orientada para o conhecimento e a investigação, nas áreas onde temos vantagens competitivas”. Certamente que a esmagadora maioria dos açorianos subscreve esta ideia. O problema é que Berta Cabral faz parte de um Governo da República que asfixiou o Ensino Superior. No caso particular da Universidade dos Açores o Governo de Passos Coelho nunca foi sensível às especificidades da UA, caracterizada pelos elevados sobrecustos da sua estrutura tripolar. Em mais de dois anos e meio no Governo a Secretária de Estado da Defesa nunca se pronunciou sobre a UA. O facto de Berta Cabral fazer parte do Governo da República causa-lhe mais danos do que benefícios. Berta Cabral é condicionada por ser um rosto da austeridade. O seu mandato como governante impõe limites ao que pode afirmar e restrições aos compromissos que poderá assumir. Berta Cabral não pode pronunciar-se sobre muitos assuntos como se tivesse chegado hoje à política e estivesse isenta de responsabilidades.