Dececionante não chega para classificar a recente visita relâmpago que o Primeiro-ministro fez aos Açores, segunda-feira passada, na qualidade de recandidato ao cargo.
Passos Coelho começou o dia a desiludir representantes da hotelaria, da restauração e similares ao manter-se intransigente em relação a alterar a taxa máxima de IVA que é aplicada a essas atividades - uma medida comprovadamente errada que já custou mais de 11.000 falências e 63.000 desempregados no País.
De seguida, o PM que prometeu não cortar salários nem subir impostos promete agora que os portugueses vão recuperar o poder de compra nos próximos quatro anos. Passos Coelho teve ainda tempo para se mostrar “recetivo” quanto a questões relacionadas com o setor agrícola mas sem nunca se comprometer no concreto.
No essencial, o PSD reservou para o seu dia de campanha eleitoral nos Açores um verdadeiro ensaio sobre a campanha do medo. Do ponto de vista do PSD, o confronto em causa nas próximas eleições de Outubro é entre o regresso ao passado com o PS e a construção do futuro com a coligação do PSD e do CDS.
O PS já foi julgado pela sua governação e o partido assumiu os seus erros e já se renovou. Agora será a vez do PSD e do CDS serem julgados pelos portugueses, tendo sobretudo em conta o que foi prometido antes das eleições de 2011 e o que foi implementado depois.
O tempo agora é outro e as circunstâncias são diferentes.
No momento que vivemos é inadmissível que Passos Coelho se apresente na Região a pedir a confiança dos açorianos e nada diga sobre o futuro da RTP-A, da Universidade dos Açores e da Base das Lajes.
Passos Coelho bem que poderá passar os próximos meses a tentar amedrontar os portugueses sobre o regresso ao passado. Esta manobra é um exercício de quem quer fugir ao debate sobre as suas próprias responsabilidades nos últimos quatro anos. Os portugueses não se deixarão iludir mais uma vez. Insistir nesse discurso será mais um fiasco, a juntar ao da visita aos Açores da passada segunda-feira.