Opinião

Paradigma ou (com)passos de Cavaco?

Paradigma vem do Grego paradeigma, “padrão, exemplo, modelo”. Atribui-se ao termo paradigma pelo menos 22 significados na “Estrutura das revoluções científicas”, obra de Thomas Kuhn (1922-1996) , físico célebre pelas suas contribuições na história e filosofia da ciência. Kuhn via o progresso como mudança de um paradigma sujeito a uma crise, por causa das “anomalias”, sendo substituído por um novo que conteria velhos e novos conceitos obtidos destas anomalias. Nesta perspetiva, o progresso avança à medida que conhecemos a realidade de modo mais abrangente. Neste breve enquadramento, a emergência de um novo paradigma derivado da actual situação política significaria estabelecer um novo modo como se vê a realidade, isto é, após “a tradição” de 40 anos, a mudança dos modelos, representações e interpretações particulares das pessoas e entidades com poderes reais. Poder sob o ponto de vista da compreensão ideológica ou instrumentos de formação e acúmulo de saber, ou poder simbólico e invisível, exercido com a cumplicidade dos que a ele são sujeitos ou mesmo dos que o exercem. A história das ciências, ensina-nos que a mudança de paradigmas levou tempo e crises associadas. Em suma, passar de um conceito de representação democrática diferente acarreta mais consistência e argumentação do que defender o taticismo e carácter estático das tradições. Doutro modo, se Cavaco der posse a Costa, a grande responsabilidade e exigência deste novo governo é demonstrar que o novo paradigma é mais sólido, justo e viável. Cavaco na sua “governamentalidade” semipresidencial faz neste momento um (com)passo, até à histórica e conveniente semana de 25 de Novembro, com diferentes intenções. Mede, avalia e condiciona a “crise paradigmática” sabendo que está perante duas trajetórias de poder ou de o perder. Arma-se de argumentos que visam a descoberta de novos elementos que possam emergir durante os (com)passos para, como garante da “tradição”, impedir novo paradigma. Como na Roma antiga, alea jacta est (os dados estão lançados), resta saber quais as legiões que vão atravessar o “Rubicão”, desviando-se, sensatamente, da conflitualidade de então. Resta saber o peso dos (com)passos de Cavaco… Cavaco na sua “governamentalidade” semipresidencial faz este (com)passo, até à histórica semana de 25 de Novembro, com diferentes intenções. Mede, avalia e condiciona a “crise paradigmática” sabendo que está perante duas trajetórias de poder ou de o perder. Arma-se de argumentos que visam a descoberta de novos elementos que possam emergir durante os (com)passos para, como garante da “tradição”, impedir novo paradigma. Como na Roma antiga, Alea jacta est (os dados estão lançados), resta saber quais as legiões que vão atravessar o “Rubicão”, desviando-se da conflitualidade de então. Deste modo, saberemos o peso dos (com)passos de Cavaco.