Sempre que somos despertados para rude realidade do mundo atual parece que nos cai tudo em cima.
Os atentados perpetrados por fanáticos aconteceram em Paris na passada sexta-feira, mas podiam e podem acontecer em qualquer outro lado, como, aliás, já aconteceu por várias vezes nos últimos tempos, um pouco por todo o mundo.
Assistimos a tudo isto com uma enorme perplexidade e uma sensação de impotência. São imagens que se desdobram nos écrans das televisões, com testemunhos inquietantes, com debates entre especialistas, com homenagens às vítimas. Somos bombardeados por informações com origens diversas, umas fidedignas, outras nem tanto.
Está provado que grande parte dos terroristas que se fizeram explodir ou que atacaram indiscriminadamente, são europeus, como nós, apesar de terem origens em vários países fora deste continente.
É também verdade que a origem destes problemas não está cá. Está mais longe, está no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria, entre outros países que, em comum, tem o facto de terem sofrido intervenções militares, longas e violentas, de países ocidentais, ditos democratas e tolerantes.
Enquanto vejo estes acontecimentos bárbaros revejo também a Cimeira da Guerra, como ficou conhecida, que ocorreu no dia 14 de março de 2003 nas Lajes, Ilha Terceira, com a presença de Tony Blair, George W. Bush, Jose Maria Aznar e Durão Barroso, este último como que a preparar a sua caminhada para a liderança da Europa.
Foi nessa data que aquela gente assinou uma declaração de guerra conjunta com base em pressupostos falsos que indicavam a posse de armas de destruição maciça por parte do Iraque que, afinal, nunca existiram, sem antes fazerem uma tentativa para se encontrar uma solução política e diplomática.
E assim se traçou o destino de um país, assim se liquidaram famílias inteiras, assim se destruiu as suas parcas estruturas, onde se incluem escolas, hospitais, vias de comunicação e habitações, criando o caos e uma crise humanitária sem precedentes que, somada a outras situações acabaram por dar lugar a esta enorme onda migratória que todos os dias desembarca nas costas fronteiriças da Europa.
Esta atuação acabou em ódio e em sentimento de vingança em várias gerações que ficaram à mercê de radicais sem escrúpulos que espalham agora o terror por todo o lado. O ocidente semeou ventos e agora colhe tempestades.