Opinião

Do contra e da Maledicência

Na passada semana aprovamos o Plano e Orçamento para 2016, que materializam as nossas opções políticas para o futuro dos Açores. E nesse projecto de desenvolvimento, contamos com todos. Mesmo com aqueles que, à partida e por opção própria e consciente, se colocam à margem do diálogo e à margem das soluções. Mesmo com aqueles que antesdo debate começar anunciaram que votariam contra. Essa postura seria de esperar do Bloco de Esquerda Açores ou do PCP Açores, partidos que votam sempre contra as nossas opções na Região. Mas não deixa de ser surpreendente que um partido como o PSD Açores assuma essa posição do contra, recusando-se estar do lado das soluções e anunciando que votaria contra mesmo antes do debate ocorrer. E mais curioso ou politicamente muito contraditório, anuncia que vota contra, mas anuncia também que apresenta propostas de alteração que, mesmo sendo aceites pelo PS, depois teriam o voto contra do PSD na votação final global, votando assim contra as suas próprias propostas, só para ser do contra. Votar contra o plano e orçamento, é votar contra as opções que lá estão materializadas. É votar contra o aumento do complemento de pensão, o cheque pequenino; É votar contra o aumento do complemento regional ao abono de família; É votar contra a reposição dos cortes dos salários da administração pública regional; É votar contra o reforço significativo na área da agricultura, que está confrontada com inúmeros problemas e desafios que nos chegam de fora; É votar contra o financiamento do serviço regional de saúde ou do sistema educativo regional; É votar contra as medidas de promoção da empregabilidade e de apoio às famílias; É votar contra o pacote de medidas de apoio às empresas; É votar contra as infraestruturas nos vários sectores, que estão definidas e que tanta importância têm para cada uma das Ilhas; O PSD Açores assume-se, assim, como o partido do contra. O partido do contra e, mais do que isso, o partido da maledicência. Ao longo da semana foram vários os momentos em que o Partido Social Democrata, para disfarçar a sua incapacidade e falta de argumentação política, lançou ataques pessoais, insinuações, especulações insidiosas que não dignificam o debate político e que certamente envergonham as anteriores gerações de dirigentes Social-democratas. Isso confirma aliás a lógica que o actual PSD Açores tem assumido nas redes sociais, nos artigos de opinião e nas suas intervenções públicas. O combate politico-partidário é sempre importante em democracia. Temos divergências programáticas e ideológicas com todos os partidos da oposição. É normal e saudável que assim seja. Mas a assertividade e a contundência não se podem confundir com ataques pessoais que vão para além das discordâncias políticas. Mas nós não participaremos nessa estratégia de degradação do debate político. Essa baixa política e essa lógica de lançamento de boatos e de ataques pessoais aos dirigentes do PS e, nalguns casos, aos seus familiares mais próximos não nos amedrontam, não nos condicionam e não diminuem a nossa convicção de continuar a trabalhar pelo futuro dos Açores. Porque isso é que verdadeiramente interessa.