Opinião

Açores in

A liberalização do espaço aéreo verificada a 29 de março de 2015 foi seguramente um dos maiores passos da Região. Permitiu que o turismo aumentasse de forma significativa e se consolidasse como um setor determinante. Porém, a chegada das low cost aos Açores teve, no início, um efeito contraditório, mas habitual para os especialistas do setor, reforçou sobretudo a porta de entrada, Ponta Delgada, e fez decrescer as outras ilhas, os casos da Terceira, Graciosa e Santa Maria. Esta polarização foi, naturalmente, boa para a ilha mais populosa, mas péssima para as outras. O Governo procurou atenuar a agressividade deste impacto, através dos voos charter. No último Inverno a Terceira recebeu duas operações bem-sucedidas, uma de Madrid e outra de Boston. Neste último caso com a operação precocemente esgotada. Como resultado, no primeiro trimestre deste ano, verificou-se um crescimento de 66% na Terceira, e semelhante nas outras ilhas com decréscimos iniciais. A abertura do espaço aéreo foi útil e absolutamente necessária, e deveria provavelmente ter acontecido mais cedo ainda, mas o processo de convergência entre os objetivos que a Região queria acautelar e os da República foi longo, mas imprescindível. Agora, que as portas se franquearam, levantam-se outras preocupações, também elas legítimas, a da sustentabilidade ambiental, que a massificação ameaça quase sempre, a da preservação da genuinidade, a da capacidade de resposta a esta procura. Os empresários prudentemente aguardam a chegada dos turistas para depois partir com mais segurança para o investimento. Há caminho que falta fazer. Do ponto de vista dos circuitos de cada ilha, da promoção patrimonial, da capacitação dos serviços, potenciar a nossa restauração. Agora que os temos por cá como nunca antes, importa que os turistas saiam dos Açores com vontade de bisar, dizendo, a quem lhes pergunta, que encontraram o que procuravam e que vale mesmo a pena visitar os Açores.