É no sistema financeiro e na sua capitalização que residem os maiores problemas. Porém, só se exigem enormes sacrifícios às famílias “subordinando” a dívida pública e o défice abaixo dos 3%. Para além da questão global, há erros internos. Espanha e Irlanda capitalizaram os seus sistemas bancários com a Tróica. Portugal, através do serôdio e incompetente Banco de Portugal, secundado por Passos, esconderam os problemas. Não aproveitaram os 12 mil milhões de euros da Tróica. Preferiram injeções públicas de capital que não resolveram o nosso débil sistema bancário. As “fianças e garantias públicas” (bailout) não foram suficientes como se viu ao longo da história capitalista e neoliberal (Grande Depressão EUA; Chrysler; bolha do Japão; Parmalat e mais recentemente a crise de 2008). A partir de 1 janeiro 2016 pagam as falências, os acionistas, obrigacionistas e depositantes (bailin). As crises são a capitulação da eficiência dos mercados financeiros. Economistas “não-alinhados” avisaram que estava errado transpor para produtos financeiros da banca, a teoria aplicada aos mercados de bens correntes. Neste caso, vigora a lei da oferta e da procura. Aumentam os preços, diminuem os compradores até os preços voltarem a ajustar-se (feedback negativo). Nos mercados financeiros e banca, aumentam os valores das ações, obrigações e outros produtos -tóxicos no final dos fracassos- logo aumenta a atração de mais compradores. Corrida ao lucro até às bolhas especulativas e aos colapsos (feedback positivo). Em François Rabelais e no Pantagruel seria a corrida dos carneiros de Panurgo que avançaram para o abismo pelo seguidismo…
Falta coragem para uma verdadeira união monetária europeia onde regulação signifique: proibir os bancos de especular por conta própria, reduzir a liquidez e especulação desestabilizadora, controlar movimentos de capitais e introduzir taxas sobre transações financeiras, limitar estas transações às necessidades da economia real (famigerados CDS- Credit Default Swaps) e estabelecer tetos para as remunerações das operadoras nos mercados financeiros. O BANIF “do Funchal” entrou e foi apanhado neste jogo perigoso. O bailinho da Madeira é diferente da chamarrita. O governo socialista teve a melhor solução no escasso tempo que lhe restava. Sem boa regulação europeia e nacional vamos viver nesta agonia neoliberal que sem limites se devora a si própria.