Mais uma iniciativa levada a cabo pelo Partido Socialista Açores para debater publicamente a problemática da abstenção, desta vez no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas na Ribeira Grande.
O debate, bastante participado após a excelente apresentação do tema pelos oradores convidados; os Professores Doutores André Freire e Álvaro Borralho, demonstrou-se complexo dadas as particularidades dos processos atuais de votação, das questões motivacionais, políticas, técnicas e outras.
Numa base comum, aceitou-se como importante estudar com maior detalhe este problema que, com variações preocupantes em Portugal e nos Açores, também o é noutros países.
Por isso as iniciativas de discussão pública são fundamentais porque permitem uma participação alargada a uma massa critica essencial em democracia.
Para não alongarmos este artigo, deixemos de parte considerações sobre a abstenção técnica e outras causas da abstenção, e vamo-nos focalizar em outros aspetos que me parecem também passíveis de estudo e análise por poderem ser relevantes nos Açores.
Como sabem, até aos 18 anos ainda não se pode votar, mas não existe a partir daí idade limite para se perder o direito a voto. Tudo bem, podem votar todos os vivos a partir dos 18 anos de idade se não estiverem incapacitados física e mentalmente e, agora com o certificado de óbito eletrónico, espero mesmo que não seja possível algum morto figurar nos cadernos eleitorais.
Foi referido no debate que em algumas ilhas dos Açores, nomeadamente: S. Jorge, Pico, Flores e Faial se assiste a uma paulatina e crescente taxa de abstenção e, como se sabe o índice de envelhecimento nestas ilhas é preocupante e destes os eleitores com mais de 70 anos é significativo.
Senão vejamos: Embora nos Açores o índice de envelhecimento médio fosse em 2015 de 119%, nas Ilhas referidas como de maior abstenção, o índice de envelhecimento cifra-se em média nos 141%, com um índice de dependência total, médio de 51,5% nestas ilhas.
A título de exemplo, nalgumas destas ilhas o índice de envelhecimento no sexo feminino chega a atingir os 183%.
Daí que fosse interessante também estudar qual o índice de incapacidade formal para o voto e de motivação para a participação politica de uma população idosa em círculos eleitorais de número de votantes reduzidos e com forte incidência de votantes geriátricos.
Não vou, como é óbvio, retirar deste puzzle ou branquear deste problema os políticos e as políticas, mas esta é a causa invocada em primeira instância e que todos apontam por vezes como únicos responsáveis.
A abstenção é um puzzle sociopolítico. “Estudiosos, precisam-se.”