Opinião

Jornalismo e outras coisas

“Queridos amigos e confrades no pecado, esta carta em que contritamente apontei alguns dos vícios mais dissolventes dos jornais, a sua superficialidade, a sua bisbilhotice, o seu partidarismo, vícios que os tornam tão pouco próprios para serem lidos pelo homem justo, já vai copiosamente larga – e tenho pressa de a findar, para ir ler os meus jornais com delícia. (Eça de Queirós) Comunicar é preciso, informar ainda mais; e este papel fundamental do jornalismo não está isento de tentações, nem protegido das vulnerabilidades e influências de convicções pessoais, pressões e influências no exercício da profissão. O que é notícia vende jornais, esta é a máxima que pode ao mesmo tempo ser redentora ou aniquiladora da profissão. Opinar também é preciso e esta função passando pelo jornalista, passa pela identificação ou declaração de ausência de conflitos de interesses, sejam ideológicos, religiosos, ou políticos, para que a análise jornalística seja isenta e as fontes fidedignas. Trabalho difícil o de resistir a esta tentação no jornalismo, tanto mais quando neste se instalar ou prevalecer o provincianismo que é redutor da visão que se deve ter da nossa sociedade e do mundo. Outro campo de comunicação e informação necessário na pluralidade existente (felizmente), são as proposições dos não jornalistas que dão aos jornais a profundidade e a superficialidade, o partidarismo e a bisbilhotice; enfim outros” vícios” que nos levam a lê-los de novo. Temos de tudo nesta panóplia dos jornais regionais e nacionais, infelizmente cada vez mais numa luta pela sobrevivência e diga-se em abono da verdade que alguns o tentam fazer com a dignidade que só pode ser apoiada quanto mais plausível for a defesa que fizerem dos seus editoriais. Ganhos e perdas em comunicação, fazem do quotidiano jornalístico uma tarefa nobre, que se advogaque seja sem preconceitos na defesa da verdade e intolerante na denúncia da injustiça. E para não fazer longa esta dissertação, vou voltar aos jornais para os ir ler esperando que, nalguns casos, com delícia.