Os açorianos têm razão ao achar que nos últimos 6 anos muito mais a República podia ter feito para desenvolver a ilha Terceira.
Passaram cerca de 6 anos desde o anúncio da redução da presença dos EUA na Base das Lajes. Tempo que podia ter sido aproveitado pela República para garantir uma transição e um impacto menos nefasto desta redução dos norte-americanos na ilha Terceira.
Convém recordar este percurso, a nível regional, logo após o anúncio da decisão dos norte-americanos em reduzir a sua presença na Base das Lajes, o Governo açoriano encetava esforços para reverter ou minimizar esta decisão dos EUA. Estes esforços permitiram aprovar legislação na lei de defesa e lei orçamental de defesa dos EUA para 2014 e 2015 que requeria um novo estudo e uma reflexão mais sustentada por parte da estrutura militar quanto às capacidades da Base das Lajes.
Ciente das dificuldades que a ilha enfrentaria, e paralelamente às várias diligências do foro político e diplomático, o Governo dos Açores reivindicava a necessidade do Governo da República PSD/CDS criar um Plano de Revitalização Económica para a Base das Lajes. Aliás, esta pretensão era ainda mais reforçada com o impedimento da vinda de novos elementos militares acompanhados das famílias desde Agosto de 2013. Mas a indiferença do Governo da República PSD/CDS perante esta enorme adversidade mantinha-se.
Não satisfeitos com esta indiferença e perante a confirmação da redução norte-americana, o Governo dos Açores apresentou à República o Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira.
Qual a resposta da República? Temos de analisar, temos de estudar. Mais uma vez a República desconfiava dos impactos, das consequências nefastas que esta redução tinha na economia da ilha. Aliás esta era a postura recorrente, como se o tempo tudo resolvesse e nada fosse necessário fazer. Após as novas análises e novos estudos, a República chegava às mesmas conclusões: a redução da presença norte-americana representava cerca de menos 50 milhões de euros na economia da ilha por ano, um aumento de 55% da taxa de desemprego. Um impacto tremendo que exigia uma ação efetiva. Mas, o tempo passava e da República nada surgia.
4 anos passaram e um novo Governo da República do PS tomava posse. Era anunciado um novo caminho para Portugal. Um caminho alternativo. Muitas dúvidas se levantavam perante esta solução e do que ela podia representar para os Açores. Mas, apenas poucos meses após a tomada de posse do Governo PS, a República dava sinais de mudança não apenas no país, na Região como, em particular, na Terceira.
Em abril de 2016, o Governo da República PS deslocou-se aos Açores e assinou uma declaração conjunta com o Governo Regional, tendo sido a primeira vez que a República assumia um compromisso desta natureza com os Açores e, em particular, com a Terceira. Nesta declaração conjunta, os dois Executivos assumiram adotar as melhores soluções para o desenvolvimento económico e social da ilha, designadamente no contexto das infraestruturas portuárias e aeroportuárias e também das ações relativas à descontaminação ambiental.
Mas como mais importante que as promessas são as ações, avancemos em concreto para as medidas implementadas: como a vinda da companhia Ryanair, que permitiu um crescimento considerável do turismo na Ilha Terceira; a certificação da Base das Lajes para uso civil, uma reivindicação antiga, que terminará no próximo ano e permitirá garantir melhores condições para atração de novas rotas; a instalação do radar meteorológico de Santa Bárbara, que ocorrerá nos próximos meses; o desenvolvimento do Porto da Praia da Vitória com a garantia de acesso ao plano Juncker, bem como apoio técnico e financeiro por parte da República. Foi, ainda, assegurada uma orientação de política de inclusão do Porto da Praia da Vitória na rede das principais rotas marítimas internacionais para armazenamento de gás natural liquefeito, e apostou-se em novos projetos para a Base das Lajes, como a proposta apresentada para a criação do Centro de Segurança Atlântica ou a criação do AirAzoresCenter.
A República mostrou que afinal havia também um caminho alternativo no relacionamento com os Açores e com a Terceira, um caminho que também em muito se deve à pressão que os deputados do PS têm feito.
Resumindo, os Terceirenses têm razão, muito mais a República podia ter feito nos últimos 6 anos. Perderam-se 4 anos. Mas, também é certo que nos últimos 2 anos, a República demonstrou que está interessada no desenvolvimento da Terceira e está a desenvolver um conjunto de importantes medidas. Há, sem dúvida, ainda muito trabalho por fazer, mas estamos a trabalhar afincadamente para garantir o desenvolvimento da nossa ilha, da nossa Região.