As Democracias são feitas de regras, que resultam dum longo adquirido civilizacional.
Para além da conformação de todos os poderes públicos pelo Direito, garante da limitação, separação e interdependências dos poderes, e sustentáculo das liberdades e direitos fundamentais dos cidadãos - há (havia?) praxes, firmes e aceites, de adequada compatibilização da adversidade de ideias com a civilidade do debate.
O diálogo e relacionamento político e partidário implicam sempre rivalidade, frontalidade e contraditório no espaço institucional, social e mediático. Que devem ser assumidos e exercidos de forma acesa e firme.
Mas a convivência democrática implica respeito pessoal e honestidade intelectual, que se deve traduzir em linguagem digna da função, apesar e sobretudo na controvérsia e no confronto de ideias. Pois quem não suporta o calor do refogado não se deve aproximar da cozinha... e a chamada imunidade parlamentar tem como primacial escopo a garantia da total liberdade de expressão dos representantes do povo, só perversamente podendo servir para acobertar vulgaridade ou insulto cobardes, por se saberem de antemãoimpunes.
O vivo confronto democrático não se pode deixar contaminar pelo primarismo de alguns inesperados novos autores das redes sociais, que vomitam impropérios e palavrões, ornamentados por primários erros de ortografia
E nem sequer o bom jornalismo, ainda que confortado de opinião editorialística, se deve eximir da tentação de recorrer a provérbios de caserna, ou de parcialidades primárias e engajadas.
Porque os dislates, a superficialidade, a análise primária e distorcida da realidade, mesmo que zelotas ou cruamente avençadas - têm sempre perna curta. E assim talvez o "átomovel" arranque a motor...