Opinião

O grande perdedor das Europeias

O PSD Açores reúne hoje o seu Conselho Regional para, segundo ouvimos na última noite eleitoral, entre outros, “analisar os resultados das eleições europeias”. Este ponto específico, por si só, daria para encher este espaço semanal de opinião que ocupamos neste Jornal. Mas Alexandre Gaudêncio conseguiu dizer, com um indisfarçável sorriso, mais coisas. Coisas que, infelizmente, não dizem respeito apenas ao PSD/A e respetivos dirigentes. Retivemos as seguintes: “O grande vencedor destas eleições é a abstenção”; “O PS passou os últimos três meses a fazer campanha e teve menos votos, ao passo que a abstenção aumentou”; “O PSD/A poderá ter contribuído para o aumento da abstenção”; e “O PSD/A foi coerente…”. Gaudêncio fez-nos lembrar aquele jogador que, após a sua equipa ser goleada, aparece de peito feito na flash interview a dizer que a equipa não esteve à altura do desafio, mas que individualmente até tinha feito umas fintas e malabarismos e que se não fosse isso teriam sofrido ainda mais golos. O problema é que não estamos a falar de um jogo de futebol da 3.ª divisão. E Gaudêncio não devia ser um jogador de uma equipa banal. O PSD/A, capitaneado por Alexandre Gaudêncio, decidiu brincar às eleições europeias. A brincadeira começou com a feitura da lista do PSD. Todos os que rodeiam atualmente o Presidente do PSD Açores sabiam qual o lugar reservado para o candidato a indicar pela estrutura regional. Gaudêncio, na posse de todos os dados, decide lançar, por carta enviada para a sede nacional, um joker chamado Mota Amaral. A tentativa para driblar o companheiro Rio correu mal. Mas a brincadeira continuou. Gaudêncio fez birra. O PSD/A, encurralado nas margens da Ribeira (Grande), decidiu esticar a corda. O capítulo seguinte da brincadeira foi anunciar um “boicote” eleitoral. Para a brincadeira ser total faltava mais um acto: apelar baixinho à abstenção ou ao voto em branco. Passado o longo período de hibernação, fomos contemplados na noite de 26 de maio com as declarações que acima transcrevemos. Afinal a brincadeira ainda não tinha terminado. Gaudêncio, em vez de assumir o papel de líder partidário, aparece, ladeado pela claque, a dizer tudo aquilo que um Líder a sério não diria. Gaudêncio veio falar da abstenção como grande vencedor na expetativa (vã) que no esqueçamos que ele é o grande perdedor! Gaudêncio veio tentar escarnecer os efeitos da campanha do PS/A, sabendo que essa era a obrigação de qualquer partido político que aspira à credibilidade e reconhecimento do eleitorado! Gaudêncio veio reconhecer, a ferros, que o PSD/A terá contribuído para o aumento da abstenção, quando um Líder teria pedido desculpa pelo total alheamento e desprezo pelo acto eleitoral! Gaudêncio veio, por fim, falar de coerência. Nós preferimos falar de vergonha. Alheia!