Francisco Sá Carneiro escreveu que “a oposição é, para o poder em exercício, estímulo e, para o interesse comum, factor de progresso.” O papel desenvolvido pela oposição é, por isso, fundamental para qualquer democracia. Esta verdade devia ser uma máxima de todos os partidos políticos que se enquadram na oposição ao partido no poder. Acontece que nos Açores assistimos, diariamente, a exemplos que pouco dignificam a oposição. Ou melhor, grande parte da oposição. Reconheça-se a tentativa do CDS-PP de, na maioria das vezes, estar do lado certo. Do lado dos Açorianos. Com ideias, com propostas, com soluções. Sem descurar a crítica e a fiscalização ao executivo. No fundo, atuando com a proatividade que se exige a quem foi eleito para representar e defender os legítimos interesses do Povo. Mas a exceção não faz a regra. A semana que agora termina trouxe-nos, através do decurso de mais uma sessão plenária, mais alguns capítulos do desempenho, por vezes, inenarrável e, sempre, ziguezagueante da maioria da oposição.
O PSD é o grande exemplo do que aqui referimos. Marca presença fisicamente na Horta, mas na realidade está politicamente quase sempre ausente. Faz diagnósticos e não apresenta alternativas. Desta vez foi o âmbito do combate às toxicodependências. Critica a demora na realização de um estudo (a cargo da Universidade dos Açores) e, ao mesmo tempo, diz que as soluções terão que ser tomadas após análise do estudo. Critica o processo e a forma como será feita a recuperação do tempo de serviço dos professores; não apresenta qualquer proposta de alteração e… vota a favor. Diz-se a favor do princípio da autonomia e flexibilidade curricular ínsito numa proposta do Governo e vota contra o diploma. Elogia os números do investimento privado e critica os programas de incentivos existentes. É, pois, gritante e assustadora a sua falta de coerência, de ideias, de propostas, de soluções e de rumo!
O BE está numa missão impossível: provar que dois comandantes traçam rumo. E ainda por cima quando a última comandante se chamava Zuraida Soares.
O PCP está resumido à leitura dos papéis do Deputado João Corvelo.
O PPM tenta, reconheça-se, por demérito de outro, ocupar um espaço demasiado grande para a dimensão do partido, mas a gritaria e excentricidades colocadas habitualmente em cada debate não ajudam a conseguir o almejado e inatingível papel de ator principal.
A oposição, tal como dizia um anúncio a uma conhecida marca de carros, veio para ficar. No caso de acharem que estamos a exagerar ou a ser demasiado parciais, lanço um desafio: convido-vos a assistir, através do Plenário online, a um qualquer debate parlamentar. Aí terão oportunidade de tirar as vossas próprias conclusões. Façam, como aparecia num outro anúncio famoso, o vosso teste do algodão.