Opinião

A meter água desde 1998

Nas lides político-partidárias o mais fácil é emitir comunicados sobre os transportes marítimos, metendo água por todos os lados, com ausência de fundamentação e consequência política. Acresce à fileira dos comunicados desta oposição, os artigos de opinião, muitas vezes de quem já se esqueceu de quando o seu partido governou, ou que assumiu responsabilidades político partidárias, e perante uma comunicação social onde a liberdade não abundava – nunca esquecer que a 13 de dezembro de 1991, o então subsecretário regional da Comunicação Social foi alvo de um projeto de resolução, aprovado por maioria, condenando a “política subjetiva, setária e arrogante do Governo Regional, através do secretário regional da Comunicação Social, recomendando a correção dessa mesma postura”. Não sei se o então subsecretário tinha sido um mau aluno, mas a condenação política de então releva um político mau. Hoje assistimos a uma Região diferente, desde logo passando de uma Região que não possuía transportes marítimos entre as nove ilhas dos Açores, por decisão política do Governo do PSD, e hoje estes existem. Isto é um facto. Não uma justificação. Aos Açorianos e à oposição devem-se prestar contas. E foi esse prestar de contas que despoletou o pedido do Governo para ser ouvido no Parlamento. Tendo sido simultaneamente esclarecido quais as garantias para que os dados de utilizadores da Atlânticoline não fiquem expostos na internet – possivelmente por uma falha na segurança informática, mas que é de extrema importância e relevante que não se repita. Queremos transporte marítimo entre as nove ilhas dos Açores? Na proposta do Governo, suportado pelo PS enquanto maioria positiva, validada por sufrágio popular, a resposta é sim. Face à afluência turística ainda mais reforçada fica esta pretensão, quando de 2016 para 2018 se assistiu a um aumento de 15% dos passageiros transportados. Desde 2007 que a operação marítima nos Açores foi regular. Este ano por incumprimento do armador - e por essa razão terá que indemnizar a Atlânticoline - a operação começou mais tarde. Por outro lado, a operação no grupo central também foi afetada, em 2018, primeiro com o encalhe do navio Mestre Simão, onde forçosamente todas as escalas previstas foram alteradas e infelizmente há dias assistiu-se a uma paragem por avaria no Mestre Gilberto Mariano, que logicamente criou perturbações no sistema. O substituto do Mestre Simão, chegará dentro de semanas e o Mestre Gilberto Mariano já está a navegar. Isto é o caos nos transportes marítimos? Qualquer Açoriano percebe que não. Desde logo quando na operação de 2018 foram transportados 70.086 passageiros e 13.325 veículos, com 586 toques, mais 54 que o número total registado em 2016 (+10,15%) e mais 33 que em 2017 (+5,97%). Face a estes números e factos, que o Governo continue a meter água.