Opinião

Fanatismo de peluche

Em política, a visão, modelo e projeto de sociedade só pode ser sistémica e global. Um partido de causas ou de causa única, ainda que oportunas e fofinhas, levanta sempre fundadas dúvidas: seja a moralização da vida pública (aí é mesmo melhor colocar preventivamente a mão no bolso…), os animais ou o ambiente. Entendamo-nos: é claro que algumas destas causas, se não todas elas em abstrato, têm pertinência, merecem atenção, ou até mesmo priorização urgente, como é o caso das causas ambientais, e das alterações climáticas, que já ocorrem. Mas não se pode ingenuamente pretender que elas são ultrapassáveis, com uma política quimicamente pura e dirigida a combater apenas as suas causas imediatas. Porque assim, só se elimina o sintoma, não a doença! Por isso mesmo, e não por acaso, o Sr. Donald das Américas rasgou os acordos de Paris em matéria ambiental, e diz que não acredita no efeito estufa, e desconfio mesmo que ele desconfia que a Terra é plana… O desprezo pelo meio ambiente, em nome dum crescimento predatório e insustentável anda sempre ligado a determinadas formas de capitalismo, seja ele neoliberal ou de Estado, em que o desprezo pela Natureza e menorização dos seus terríveis efeitos anda a par com o menosprezo pelos cidadãos e a sua opinião. Seja nos EUA ou na China. Ou na antiga União Soviética, que fez desaparecer o mar aral e desembocou em Tchernobil! Só uma perspetiva democrática, apostada no desenvolvimento e na equidade social pode valida e eficazmente prosseguir uma política humana e ambientalmente sustentável. Fanatismos ambientalistas ou animalistas têm a vantagem apenas de desmascarar o espírito agressivo e intolerante dos seus zelotas, onde facilmente se assume a opção pela classe equina em detrimento da comunidade cigana…