Opinião

Os tabuleiros de Bolieiro

No xadrez é habitual vermos, nos chamados torneios de exibição, os mestres mais conceituados a jogarem frente a múltiplos adversários. Todos já devem ter presenciado o corrupio do mestre entre tabuleiros. Rapidez de pensamento; agilidade nos movimentos das peças e a vitória como objetivo sempre em mente. Ora, lembrámo-nos destas imagens ao assistir às recentes movimentações políticas de Bolieiro. Vamos, então, tabuleiro a tabuleiro, tentar decifrar as erráticas jogadas de “mestre” Bolieiro: Tabuleiro 1 – Minha querida Lisboa! Bolieiro, confiante no seu prestígio pessoal e institucional, decide que nem precisaria de ir a jogo com peças superiores aos peões. Ora, no xadrez, tal como em tudo o resto, nunca se deve subestimar o adversário. E muito menos julgar que nem adversário se tem. Aqui o “mestre” começa a ser visto como um “pobre mestre”, tendo em conta que se esqueceu de uma regra básica do jogo: o peão não pode mover-se para trás. Restava, então, fazer de conta que os peões se tinham movimentado sozinhos. E, assim, mestre Bolieiro voltava rápido a ser aquilo que adora: o rei da dissimulação. Tabuleiro 2 – Meu querido Rio! Bolieiro é anunciado vice-presidente do PSD nacional, substituindo no cargo Castro Almeida que havia renunciado por motivos de divergências políticas com Rio. Tínhamos, assim, de surpresa, Bolieiro a fazer a ponte sobre um Rio que está em acelerada seca. A surpreendente jogada era, à primeira vista, um claro xeque a um fragilizado rei. Acontece que esta jogada seria uma clara tomada de posição se o jogo se desenrolasse apenas num tabuleiro, o que não era o caso. Tivemos assim uma jogada com o cavalo, o qual move-se “uma casa como torre e uma casa como bispo”. Estava assim aberta a discussão enquanto o “mestre” já ia a caminho do próximo tabuleiro. Tabuleiro 3 – Meu querido Gaudêncio! Uns dias depois… Aí estava Bolieiro a ser anunciado, por Gaudêncio, como mandatário regional do PSD/Açores nas eleições à Assembleia da República. Tínhamos assim uma movimentação do bispo em proteção do fragilizado rei. Bolieiro tinha plena consciência que, para manter a aura de D. Sebastião, não podia desligar totalmente de Gaudêncio. As vestes de mandatário dão para uma coisa e o seu contrário. Está em jogo, mas não vai a jogo. O disfarce é uma das jogadas de eleição do “mestre” Bolieiro! Tabuleiro 4 – E minha querida Ponta Delgada, para quando? Chegámos, para não sermos demasiado maçadores, ao último tabuleiro. Diz-se que os últimos são os primeiros. Infelizmente, neste ficcionado torneio de xadrez, assim não é. Ponta Delgada, a apregoada jóia da coroa do PSD/Açores, está há muito tempo sem mestre. Bolieiro chegará ao próximo ato eleitoral, a qual não quererá concorrer, mas em que acabará por ser candidato, como “o amigo”, o tipo porreiro que não diz não a ninguém, que promete trabalhar e não se compromete com nada em concreto, que decide apenas quando não pode adiar… Ponta Delgada merece um verdadeiro mestre. Um mestre a tempo inteiro... e sem pensar noutros tabuleiros!