Opinião

1 - A supervisão parental nunca tira férias

1 - A supervisão parental nunca tira férias Na passada sexta-feira foi apresentado o Estudo de Caracterização dos Comportamentos Aditivos, liderado pela Professora Célia Barreto, que abrangeu cerca de 12.000 jovens - inicialmente previsto 2.000 jovens - entre os 14 e os 25 anos nas nove ilhas dos Açores, permitindo uma "validação" dos fatores preditivos do risco e de proteção do consumo de substâncias aditivas. O álcool e a cannabis são as substâncias mais consumidas pelos jovens. Por ventura poderá ser de perceção geral aquele que é o caminho que propõe a equipa responsável pelo estudo ao nível da prevenção de comportamentos aditivos: ou seja, o de uma abordagem e responsabilidade transversal a toda a sociedade, através dos domínios comunitários, escolar e familiar - algo que, em determinadas comunidades, por ventura não formalmente, já se implementa. Deste estudo destaco o foco de que todos devemos assumir uma responsabilidade coletiva perante o adolescente. Sendo certo que a escola, o local onde passam maior tempo da fase infantojuvenil, é considerado um dos locais mais propensos à iniciação e continuação do consumo de substâncias - e aqui a prevenção e proteção é essencial e cabe às entidades públicas -, as famílias quando na presença de pais permissivos, que minimizam a supervisão e monitorização parental e aqueles que "fecham" os olhos à venda de tabaco e álcool a menores de 18 anos, são também agentes férteis para a propensão para o consumo de substâncias aditivas. O estudo é detalhado e merece ser lido pelos pais dos adolescentes e os adolescentes de todas as ilhas - o Governo já enviou à Assembleia Legislativa e está disponível. Os pais ficarão surpresos pela revelação dos inquiridos de que a supervisão destes é desejada. O estudo aborda as dependências digitais - muito preocupante -, mas realço esta dependência noutra faixa etária, antes dos 14 anos, desde bebés, que estão colados a um equipamento digital, quer para a sua diversão contínua, quer para garantir o descanso dos adultos ou simplesmente para garantir que tomam a refeição. Este é já um problema que nos afeta e que se nada for feito, primordialmente pelas famílias, engrossará o número de jovens com dependências digitais - não se confunda nativos digitais com os dependentes digitais. As dependências digitais existem em muitas famílias, prejudicando as relações interpessoais entre as crianças. A supervisão e monitorização parental, desejada ou não, nunca pode tirar férias. 2 - A relação do eleito com o eleitor não tira férias. Nesta sessão legislativa que se iniciou a 1 de setembro de 2018 e terminará a 31 de agosto de 2019, o Parlamento aprovou o Portal da Transparência, por proposta do PS, que disponibiliza ao cidadão o "prestar de contas" dos deputados para com os eleitores. Nesta sessão legislativa realizaram-se duas comissões de inquérito - ao Setor Empresarial Regional (20) e à Rede de Cuidados Continuados (22) - que se reuniram 42 vezes; as comissões permanentes com 74 convocatórias (uma convocatória pode representar mais que um dia); a comissão eventual para a Reforma da Autonomia reuniu-se 11 vezes e realizaram-se 11 sessões plenárias - com a duração de uma semana cada. Desta "contabilidade" excluem-se as jornadas parlamentares, o trabalho político no terreno e as audiências aos cidadãos. O prestar contas é essencial numa democracia madura e esclarecida, contribuindo para aproximar o eleito ao eleitor, fortalecendo uma relação de proximidade que desde logo enquanto ação cívica é responsabilidade de todos. E esta relação eleito-eleitor não tira férias. É tempo de retemperar forças! Até daqui a uns dias.