Opinião

Democracia, sempre! Mas...

Nos últimos anos temos assistido, nos mais diversos níveis de poder, à eleição de personalidades que abonam pouco a fazer da Democracia. Da Hungria aos Estados Unidos da América. De Itália ao Brasil. Da França à Turquia. Da Rússia à Venezuela. Os exemplos, infelizmente, não faltam. E a tendência é crescente! O que falta é mesmo a Democracia funcionar. Uma sociedade, consciente e esclarecida, não devia escolher para o respetivo governo - central, estadual, regional ou local - alguém que descura valores básicos de cidadania. Nos países acima referidos perdeu-se o respeito pelo próximo; utiliza-se uma linguagem extremista, sempre ofensiva, muitas vezes xenófoba e racista; não se respeita minimamente os direitos da oposição ou das denominadas minorias; ataca-se pessoalmente os críticos; procura-se reforçar os poderes do executivo e, por fim, constroem-se muros que visam separar o nós do eles. Tudo isto já foi tentado várias vezes ao longo da História e os resultados foram sempre os mesmos e são conhecidos de todos. Mas a verdade é que ciclicamente lá somos confrontados com a eleição, quase sempre democrática (ainda que em algumas paragens as dúvidas sejam mais do que muitas), de personalistas que encaixam perfeitamente noutro tipo de regime. Nos dias que correm, pelo elevado número deste tipo de “democratas”, tememos pelo futuro da Democracia que conhecemos e defendemos. Tal como celebrizou Winston Churchill, também ainda consideramos que “A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais.” Assim sendo, compete-nos enquanto parte integrante da dita sociedade, consciente e esclarecida, lutar no dia a dia para desmascarar falsos democratas que pululam ao virar de cada esquina. A defesa da dignidade humana, da liberdade, da igualdade, de um sistema universal de saúde e educação, do bem-estar animal e do ambiente são valores e interesses que, acreditamos, ainda são comuns à esmagadora maioria dos habitantes deste nosso mundo. O problema reside, portanto, no adormecimento em que esta maioria entrou. Urge que acordem. Antes que seja demasiado tarde. É que hoje vemos estes fenómenos noutros países, apesar de alguns episódios de pequenos democratas do poder local que a lei de limitação de mandados se encarregará de remeter para uma qualquer moldura de um corredor escuro num dos Paços de Município perto de si, mas amanhã podemos estar a ser confrontados com uma qualquer imitação barata de um Bolsonaro, ou outro da mesma estirpe ou pior ainda, a liderar no Terreiro do Paço ou mesmo em Belém. Nesse dia é capaz de já ser demasiado tarde.