Na passada segunda-feira - data limite para apresentação das listas de candidatos à Assembleia da República - foram entregues no Tribunal da Comarca dos Açores, em Ponta Delgada, as últimas candidaturas dos dezassete (17) partidos ou coligações que decidiram concorrer às eleições legislativas de 6 de outubro pelo círculo dos Açores. Os 17 partidos ou coligações à disposição dos eleitores açorianos são: PNR, PSD, CDU, PPM, PAN, PDR, BE, MAS, PTP, PCTP-MRPP, Iniciativa Liberal, CDS-PP, PS, Aliança, Livre, Chega e Partido da Terra. Ufa! Que fartura! Há, portanto, para todos os gostos e feitios. O que importa é que cada um de nós, após efetuada a devida ponderação, deposite em urna a sua escolha, a qual não se resume aos 17 partidos e coligações que constarão do boletim de voto, uma vez que ainda existe a possibilidade de votar branco ou nulo. Sim, também ainda existe mais uma. Mas essa é, em nossa opinião, uma não escolha. Uma omissão do cumprimento de um dever. Uma procuração a outros para decidirem por nós. Um erro que não deverá ser cometido, salvo obviamente casos de força maior. A democracia precisa de ser cultivada. O voto é o alimento fundamental da Democracia. A democracia não sobreviverá muitas mais décadas com a abstenção a níveis superiores a 50%. Nos Açores, infelizmente, há muitos anos que já ultrapassámos essa fasquia. Em 2015, por exemplo, a abstenção atingiu quase 60% (concretamente 58,78%, sendo que a nível nacional a abstenção ficou-se “apenas” pelos 44,14%), o que significou que 133.743 eleitores recenseados nos Açores não exerceram o respetivo direito de voto. No ano seguinte (2016), nas eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, a abstenção foi de 59,2%. Ora, numa eleição que devia dizer mais qualquer coisa aos eleitores já que se estava a escolher entre os nossos “vizinhos”, tivemos um inacreditável crescimento da abstenção. Independentemente das razões – sejam elas técnicas ou outras que até constam do relatório final de um estudo solicitado por iniciativa do Partido Socialista e aprovado por unanimidade na Assembleia Regional à Universidade dos Açores e que está a merecer toda a atenção e, seguramente, traduzir-se-á na aplicação de medidas concretas visando o combate a este flagelo – estamos na presença de um estado de emergência eleitoral. Por isso, urge mudar estes vergonhosos números. Urge acordar os adormecidos. Urge convencer os que desistiram. Urge trazer até às urnas de voto os inúmeros membros dos grupos que nascem como cogumelos nas redes sociais e que depois vão para a praia o dia inteiro nas datas eleitorais. Urge abanar consciências. Urge fazer diferente. Urge tanta coisa... Mas para ser em democracia… urge votar!!