Nasci em pleno século XX, década de 70, já depois do 25 de abril. Cresci, juntamente com os meus irmãos, tendo como princípios gerais que todos temos direito a ter a nossa opinião, que devemos tomar partido e que, fundamentalmente, devemos fazer de tudo para ser livres, “asas de vento, coração de mar. Como ela, somos livres, somos livres de voar” (como na canção de Ermelinda Duarte).
Vem isto a propósito da circunstância de voltar às páginas do Açoriano Oriental, depois de um convite indeclinável do seu Diretor, que muito me honrou, precisamente, na data em que se assinala o Dia Internacional da Mulher.
O dia 8 de março desperta em mim, desde há muito tempo, um sentimento ambíguo. Por um lado, compreendo e respeito a sua importância, quer pela história de conquista de direitos, que devemos honrar e celebrar, quer pelo que ainda falta, em muitos lugares, assegurar, e, por outro lado, dispenso as flores, os versos, os bombons e (alguns) discursos, que (em muitos casos) fazem com que direitos fundamentais conquistados pareçam meras condescendências.
Talvez este meu sentimento tenha a ver com a Mãe que tive. Uma Mulher de consciência convicta, sem tempo para salamaleques ou tibiezas. É dela o título que dou a esta coluna: Fofa de Frio. Substantivo que, à moda do Pico, quer dizer Frieira em São Miguel.
Honremos a História, mas sigamos em frente, porque a liberdade conquistada (por Homens e Mulheres) precisa de ser defendida todos dias, custe o que custar, diante de todos os imbecis que olham para o dedo, quando o dedo aponta para a lua.