A circunstância de escrever semanalmente neste Jornal e a profunda consternação que sinto pela morte súbita do António Soares Marinho impõem que lhe dedique uma justa homenagem nesta coluna.
Quis o destino que os últimos dias de vida do António fossem passados comigo em Lisboa, em reuniões na Assembleia da República.
Conheci o António no início dos anos 90. Ele foi-me apresentado por um grande amigo que tínhamos em comum, o meu saudoso camarada Albano Pimentel, numa altura em que este era dono de uma loja de música com uma vasta coleção de CD’s de Jazz - uma paixão que partilhávamos os três.
Em 2004 o Marinho foi eleito Deputado Regional pelo PSD. Foi a partir desse momento que desenvolvemos uma sólida amizade. Nos primeiros anos não foi fácil sermos amigos. O António foi líder parlamentar e começou a participar num programa de rádio comigo e com outro colega na Açores TSF. As nossas convicções colocaram-nos muitas vezes em campos opostos. Todavia, coube-lhe a ele, mais maduro do que eu, dar os primeiros passos numa relação de amizade que duraria até ao fim.
Nos últimos tempos o António exerceu funções como presidente da comissão parlamentar de que faço parte. Foi neste cargo, exercido de uma forma absolutamente exemplar, que tivemos a oportunidade de nos aproximar ainda mais. O António, homem culto e versado, tornou-se um político de referência.
Das inúmeras conversas inesquecíveis que tivemos retive sempre o seu profundo apego à família, a sua paixão pela vida e os seus projetos para o futuro, sobretudo os que envolviam os netos.
Terça-feira à noite jantamos juntos em Lisboa, num restaurante de tapas escolhido por ele. O António era assim, viciado em tecnologia e informação estava sempre atualizado sobre as últimas novidades.
Foi uma honra trabalhar com ele e um gosto imenso partilhar da sua amizade. Até sempre querido amigo.