O Orçamento Participativo dos Açores (OPA) de 2020 ficará marcado por dois fatos: em primeiro lugar, será a primeira vez que o orçamento atribuído, a este importante instrumento de participação cívica, ultrapassará o 1 milhão de euros e, em segundo lugar, o elenco de áreas foi expandido para mais uma área de governação aberta às ideias dos cidadãos – a Ciência. A conjugação de ambos estes fatos comprova a forte adesão que os sucessivos Orçamentos Participativos dos Açores têm tido. Em 2018, tivemos mais de 320 ideias de investimento público, resultando em 154 propostas submetidas à votação que receberam cerca de 5 mil votos. Na edição de 2019, as açorianas e os açorianos propuseram mais de 550 ideias de investimento público, o que originou 276 projetos cívicos, que receberam perto de 12 mil votos. Ora, estamos a falar de um crescimento muito significativo nos índices de participação. Os Orçamentos Participativos têm se mostrado como um bom instrumento para reconstruir o espírito cívico, e, sobretudo, reavivar o entusiasmo necessário para estarmos juntos a definir e a decidir as ideias que queremos ver acontecer. Os cidadãos sabem que votar num Orçamento Participativo estão a votar num projeto concreto e que foi proposto por outro cidadão. É essa relação entre cidadãos e opções ou decisões políticas concretas que explica o sucesso, com ganhos de transparência credibilidade e proximidade. Tudo o que seja para aproximar a decisão dos cidadãos é importante. Ter cidadãos ativos e participativos na vida comunitária é essencial para a vida democrática. Todos ganhamos com uma participação melhor e mais efetiva. E, neste contexto, é de enaltecer o consecutivo reforço orçamental atribuído ao Orçamento Participativo dos Açores. Além disso, a valorização da participação exige a procura de novas soluções, que vão ao encontro das pessoas e que demonstrem a efetiva vontade de as envolver nos processos de decisão. Este ano, a novidade recai sobre a disponibilidade da área temática da Ciência. Ora, a importância da Ciência é indiscutível. Por outro lado, a participação ativa dos cidadãos é essencial para encontrar soluções para os desafios económicos, sociais e ambientais que enfrentamos atualmente. Ademais, e face à qualidade de muitas propostas apresentadas em edições anteriores, é entusiasmante esperar para ver que propostas esta nova área participativa irá receber e que impactos estes projetos, idealizados pelos cidadãos das nossas ilhas, terão no futuro coletivo da Região. A Juventude é, por natureza, enérgica, ousada e disruptiva. Neste contexto, gostaria de deixar um desafio aos jovens: aproveitem a oportunidade concedida pelo Governo dos Açores e apresentem ideias arrojadas, realistas e com visão de futuro, que façam avançar a área da Ciência nas nossas nove ilhas. Com o contributo de todos, vamos mais longe.