O Mundo enfrenta a terceira grande crise do século, depois do 11 de setembro e da caos financeira de 2008. Global, já se sabe. E a impor novos desafiose a agudizar problemas latentes. Há que seguir as recomendações daqueles que estão legitimados no comando político: só a política harmoniza interesses e dirime conflitos. Neste caso, e por maioria de razão, com base nos pareceres das autoridades médicas e científicas. Mas o"corona" fez ressurgir outros vírus, latentes já, mas também letais! Desde logo, o vírus da sua absoluta equivalência da opinião: o um vale um é, neste contexto, o campo fértil para a disseminação do populismo e dos novos fascismos, porque só a política, armada da ciência e da opinião qualificada pode eliminar todos os vírus. E o alarmismo e o pânico social, tentando imolar no primarismo do "achismo" primeiro os presuntivos doentes; depois os médicos e os especialistas, para acabar nos decisores -- é o contrário da lucidez, mas também do laxismo, pois é o inverso do acatar de determinações e recomendações legítimas. Trump culpa agora o "vírus europeu"... desde que não fale inglês. O vírus do bairrismo também medra em ambiente de medos primários. E o controlo dos cidadãos, que as tecnologias facilitam, alastra por "boas razões", em países de eficiência iliberal. Impõe-se que seja outro vírus a eliminar, com o biológico! Mas a relegitimação do saber científico, e da autoridade legítima e democrática também podem sair reforçadas. Afinal, é possível dar passos rápidos no sentido da descarbonização e do teletrabalho... e talvez seja mesmo possível viver de outro modo, mais sustentado e compatível com a perenidade do Planeta. Em tempo de quarentena, para além de "A Peste", convém revisitar "1984". Como vacina para que o "pós" não prolongue um novo normal...