Opinião

Pinhatas

A tendência para a partidarização tosca e mesquinha da Pandemia do COVID-19 e o consequente afã mediático que secundariza tudo isto são, parece-me, meio caminho andado para que o cidadão entenda que os interesses dos Açores, e os seus próprios, estão a ser postos em causa, em troca do arremessar de críticas avulsas, como quem procura pé, num qualquer palco mediático. Se é certo que quando, em março, se estacionou a SATA e se atracaram os barcos, (quase) todos ergueram os seus braços e vozes em sinal de apoio, não é menos certo que (agora) que se tomaram outras medidas, como as quarentenas obrigatórias, alguns se quedaram em silêncio ensurdecedor, enquanto outros surgiram detrás da moita, não para apresentar soluções, mas sim para fazer queixinhas. Ainda por cima deu-se a coincidência destas queixinhas terem sido feitas no exato momento em que as quarentenas começaram a ser pagas por não residentes. Na verdade, o assunto pouco interessaria aos Açorianos, não fosse dar-se o caso de se saber que a contestação recai, exatamente, sobre uma medida que tem sido essencial para a defesa da sua saúde. Já nos habituamos a que, de quando em vez, medidas tomadas na Região sejam postas em causa. Basta lembrar, por exemplo, em tempos que já lá vão (mas não esquecem) o famoso “leilão” feito à volta da compensação salarial aos trabalhadores da administração pública nos Açores. Ora, se tal como antes, o assunto não é partidário, mas sim, Açoriano, e não resulta de nenhum tipo de teimosia mimada, mas sim de defesa dos interesses dos Açores, nem o facto de ser domingo do Senhor Santo Cristo me afasta hoje, precisamente hoje, de tecer estas considerações de espanto. Não se trata aqui de apelar a que todos digam que tudo corre bem, ou que ninguém critique nada de nada, não é isso! A crítica é muito saudável, assim como o debate de ideias. O que não é saudável é a falta de respeito e a deslealdade; a inveja e a crítica pela crítica. Há quem goste de ser do contra só porque sim; assim como há quem goste de ser do contra, porque acha que isso é prova de rebeldia. Num caso ou no outro não servem coisa alguma. São meras inutilidades. É que o combate à Pandemia COVID—19 não se pode fazer de olhos vendados a tentar acertar nas pinhatas. Muitas vezes acontece bater na própria cabeça e isso, por si só, é triste. Para todos.