Dias após o conhecimento do resultado eleitoral a Assembleia Legislativa Regional dos Açores reafirmou-se no centro da vida política do Povo Açoriano. Porém, no último sábado passou para a esquina da vida política, pela ação do Representante da República, e este foi o primeiro dos três tristes marcos negros na história política da Autonomia Açoriana; O segundo foi a voz de Lisboa que abafa a dos Açores e o terceiro a aliança com um partido de extrema direita pelas mãos de um partido Autonomista e Constitucionalista.
O poder, a sede de poder
O Povo não esquece o acontecido. Ouvir quem está na rua e não os sedentos do poder, fica a certeza que pelo ódio ao PS e pela fome de poder, hipotecaram-se deveres e direitos autonómicos e democráticos. O que muitos rejeitaram na Europa, por cá se normaliza. Toda esta imposição política também tem a mão de Marcelo Rebelo de Sousa, que se fez ouvir na voz trémula e seca do embaixador Pedro Catarino.
O mandato de Lisboa substituiu o mandato dos 29 eleitos açorianos
Os Açorianos cá estarão para relembrar, não apenas como se recriou, por antecipação, o cenário de 2015, em que o PS/Açores é vítima da estratégia do PS (nacional), mas, no essencial como se atropelaram as competências do parlamento açoriano. Tristemente 29 cidadãos eleitos aceitaram o mandato de Lisboa antes da sessão de verificação de poderes mandatado pelo Povo Açoriano. Após a denúncia de Vasco Cordeiro, do desconhecimento dos acordos da aliança da direita com a extrema direita, toma voz um partido da extrema-esquerda, BE, que exige que esses acordos escritos sejam publicamente conhecidos. Quando se pretende comparar o BE ao “outro”, é bom que tenhamos em conta que são extremos que não se encontram (e ainda bem!) e que (em muito) se diferenciam.
Virar a página
É agora tempo de virar a página de um dos capítulos tristes e negros da Autonomia. Há uma crise sanitária que se vive e que está a par com a crise social e financeira e exigem-se respostas para empresas, trabalhadores e famílias para o inverno difícil que nos aguarda. Que nos próximos dias tome posse o próximo Governo dos Açores, sem birras políticas e para o bem dos Açores que haja estabilidade política - algo que considero difícil, na certeza de que o porta-voz já cá não estará para responder e responsabilizar-se pela decisão de 7 de novembro de 2020.
É tempo de outro papel para o PS/Açores
Ao PS/Açores é tempo de se reorganizar e reagrupar mostrando claramente que soube interpretar o resultado eleitoral. A Vasco Cordeiro, líder, político coerente e acérrimo Autonomista, nos próximos meses tem a tarefa de liderar uma oposição construtiva a favor dos Açores, renegando e denunciando qualquer movimento de ataque às Autonomias Regionais e ao Estado de Direito.