Ondas de calor na América, cheias devastadoras na China, Alemanha e Inglaterra, secas e incêndios florestais, assim se está a caracterizar mais um verão um pouco por todo o mundo.
As referências a estes fenómenos naturais como associados às alterações climáticas são, por vezes, envolvidas em incertezas; porém, não há dúvidas que a ação do Homem torna estes eventos centenas de vezes mais expectáveis. O que parece difícil e incerto é a necessária mudança de comportamentos individuais e coletivos, que são prejudiciais à nossa saúde, segurança e ao território e tudo o que nele se fixa.
Quanto tempo nos resta para mudarmos comportamentos, sem mudarmos de planeta? O Acordo de Paris, onde 190 países se comprometeram a reduzir emissões de carbono, pode ser promissor, onde se cada um fizer a sua parte, as emissões anuais diminuiriam entre 3 a 5 milhões de toneladas até 2030, mais do que os valores está o valor da cooperação global ser possível, com Joe Biden a reverter a decisão de saída do acordo de Trump.
Não vou aqui elencar as diferentes formas de mitigarmos ou até revertermos o cenário catastrófico que está à nossa frente, onde a inovação liderará as diferentes soluções, - há muita boa bibliografia que foca estes temas - sendo o que me parece emergente é o acordar dos Governos locais, regionais e nacionais para uma estratégia climática com objetivos mesuráveis, da freguesia ao país.
Não podemos continuar a navegar ao vento (embora seja uma energia limpa) sem rumo certo e metas quantificáveis que envolvam a sociedade, na sua definição e na sua implementação de políticas climáticas.
Neste verão que antecede mais um ato eleitoral autárquico, tudo parece encaminhar-se para um conjunto de velhas ações políticas, com os métodos de sempre. A despreocupação aparente, a confirmar-se, com as responsabilidades autárquicas no plano das mitigações e adaptações climáticas será grave, ficando-se, neste campo, quase sempre por chavões, é deveras preocupante.
No início deste século, o chavão era o da mobilidade e acessibilidade. Passaram 5 atos eleitorais autárquicos onde estes chavões percorreram quase todos os manifestos eleitorais dos Açores. Na prática, basta a tentativa hercúlea de utilizar um transporte público num concelho dos Açores ou de um cidadão com mobilidade reduzida aceder a espaços públicos e privados, para atestar-se que muito está por fazer para alterar os paradigmas do século passado.
Em 21 anos muito pouco se fez nesta matéria, não temos mais 21 anos para pouco fazer (ou fazer de conta) para uma definição de política climática local, quer pela descarbonização das cidades e pela mudança de comportamentos da sociedade. Vamos arriscar comprometer a neutralidade carbónica quer para 2030 ou para 2050? - para qualquer um dos anos, hoje já é tarde.
Importa um efetivo compromisso autárquico: “Carbono Zero, a começar pelas cidades”.
Até setembro!