I
O processo de vacinação contra a covid-19 que decorre há meses, também, nos Açores tem sido um verdadeiro caos em termos de comunicação. Nos tempos atuais, a comunicação dos executivos é uma “arma” fundamental. A informação tem de sair sempre “limpinha”. Não se pode, sob pena do efeito na sociedade das expetativas goradas, dizer hoje uma coisa e no(s) dia(s) seguinte(s) outra diferente. Em tempos de pandemia, todos os cuidados são poucos. Ora, os Açores, infelizmente, são um exemplo do que não se deve fazer! Vamos lá a factos e datas:
No dia 2 de junho de 2021, através de conferência de imprensa realizada no Palácio de Sant´Ana, Bolieiro, ladeado por Artur Lima e Clélio Meneses, anunciou que a Região ia “ter uma majoração no número de vacinas contra a covid-19” e que, por via disso, era “esperada para julho a imunidade comunitária do arquipélago.” A nota oficial, publicada no portal do governo, tem o seguinte título: “Vacinação avança nos Açores e expetativa é ter Região com imunidade em julho, diz Presidente do Governo”. Continuando a citar a nota, quase a terminar, consta nesta o seguinte: “O Governo Açoriano perspetiva assim que, durante o mês de julho, a Região possa atingir a imunidade comunitária em todas as ilhas”.
No dia 13 de junho, Clélio Meneses, que falava como convidado de honra, na sessão solene do 19.º aniversário da elevação das Lajes a vila, no concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, dizia-se “convicto que até final de julho todas as ilhas atingirão a imunização”.
A 10 de julho, em declarações à Agência Lusa, Pedro Monjardino, coordenador logístico para o processo de vacinação, veio reiterar mais uma convicção do Secretário Regional da Saúde, que dias antes, tinha vindo atualizar a sua previsão. Assim, ficámos a saber que o “objetivo da imunidade de grupo na região vai ser atingido entre 31 de julho e 15 de agosto”.
No dia 27 de julho, veio, novamente, o coordenador regional a público para dizer o seguinte: “Não posso garantir que seja a 15 de agosto, será mais para a frente, mas posso garantir que, no mês de agosto, isso vai acontecer”.
Não era mais prudente ter dito, desde início, e à boa maneira das conversas de café, que a imunidade ia ser quando calhar?!
II
Bolieiro, na qualidade de presidente do PSD/A, ainda que por vezes se esqueça disso, tem marcado presença na apresentação dos candidatos do seu partido às autárquicas. Numa das últimas, na Madalena do Pico, decidiu ir ao fundo do habitual baú. O baú das incoerências, é claro. Vai daí, talvez por estar perante um dos poucos presidentes de câmara do seu partido, brindou-nos com algumas pérolas. Vou dar apenas dois exemplos. O primeiro, qual Frei Tomás, foi dizer que os líderes partidários não devem “ofuscar” os candidatos autárquicos. E o segundo, provavelmente vítima de amnésia seletiva, foi a apologia ao “mérito e o reconhecimento do trabalho feito por José António Soares” quanto ao crescimento do número de habitantes na Madalena na última década. Ora, por acaso sabem os dados referentes a Ponta Delgada? E quem era o Presidente durante a quase totalidade da década em causa? Pois…