Opinião

Mobilidade

Há muitos anos que a mobilidade é um assunto discutido neste concelho sem que sejam encontradas soluções. Ninguém ignora que se trata de uma componente fundamental na vida das populações e que tem sido, sucessivamente, negada, pelo poder autárquico, aos cidadãos de Ponta Delgada.
Não faltam exemplos de ideias hilariantes, que deram origem a rios de tinta, como a célebre Central de Camionagem, a “afundar” no Campo de São Francisco, o parque de estacionamento subterrâneo, que se pretendia instalar debaixo do chão de toda a avenida marginal, ou até um teleférico na Rocha da Relva, entre outros disparates.
Há 14 anos, concretamente em 2007, ficaram todos os cidadãos a saber que Ponta Delgada tinha sido selecionada para o “Projeto Mobilidade Sustentável”. Foi anunciado tratar-se de um projeto ambicioso, que iria resultar num documento, que integraria indicações sobre as práticas a desenvolver nesse âmbito. Alguém viu, na prática, alguma solução para o problema?
Não devem ter visto, porque os problemas continuaram iguais ou piores, com os cidadãos a desenrascarem-se o melhor que sabem e podem, de dia e de noite, enquanto o município concessiona espaços públicos para estacionamento a preços avultados para o comum dos cidadãos, seja em parque, seja na rua.
Facto é que de nada serve falar em fixar as pessoas nas suas freguesias, ou em trazer mais pessoas para o centro histórico da cidade, para viver, trabalhar e dinamizar o comércio tradicional, enquanto não houver um planeamento urbano eficaz, que contemple medidas de apoio aos cidadãos que precisam de se deslocar no concelho, e uma rede integrada de transportes públicos decente, que permita que as pessoas se desloquem com condições, sem terem que usar a sua viatura.
É o mínimo.